Introdução: Estima-se que no Brasil, no ano de 2019, mais de 32 milhões de habitantes tinham idade igual ou superior a 60 anos. Com o aumento da expectativa de vida, a proporção de idosos na população brasileira aumenta significativamente, ilustrando o fenômeno que ocorre mundialmente, de envelhecimento da população. Envelhecer é um processo natural, que faz parte do ciclo de vida de todos os organismos vivos. Carregada de particularidades, a velhice segue como uma fase da vida humana carregada de estereótipos e concepções negativas. Por esse motivo, abordar determinados assuntos, como diferentes orientações sexuais e identidades de gênero na velhice, ainda é um tabu. A partir do entendimento de que a população idosa, principalmente os idosos LGBT, necessita de maior atenção e cuidados, tem-se desenvolvido um maior número de pesquisas sobre o tema, a fim de contribuir com mais conhecimento que possa proporcionar maior qualidade de vida e bem-estar para essa população. Objetivos: Apreender e analisar as representações sociais que são formadas pelas pessoas transexuais e travestis acerca da velhice LGBT e da própria velhice. Método: Participaram deste estudo 34 pessoas adultas brasileiras – sendo 16 travestis, 7 mulheres-trans e 11 homens-trans – com idades entre 18 e 57 anos (M = 26,6 anos; DP = 8,4 anos). A maioria declarou-se com estado civil solteiro (79,4%), com renda mensal de até 1 salário-mínimo (47,1%), nível médio de escolaridade (32,4%) e residentes do estado do Piauí (35,3%). A coleta de dados foi realizada a partir dos seguintes instrumentos: questionário sociodemográfico, Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP) e roteiro de entrevista semiestruturada. Para análise, foram utilizados: análise estatística descritiva com o uso do software SPSS 25.0 para o questionário sociodemográficos; Classificação Hierárquica Descendente (CHD) através do software Iramuteq para entrevista semiestruturada; análise prototípica através do software Iramuteq para a TALP. Resultados: As representações sociais identificadas neste estudo evidenciam quatro conteúdos: a morte pela transfobia como um obstáculo para atingir a velhice, a esperança associada à incerteza de conseguir uma velhice tranquila, o desejo de uma velhice tranquila pela expectativa da garantia de uma aposentadoria e de um lar para viver, e o medo do preconceito que cria barreiras para as pessoas LGBT jovens e, mais ainda, para as idosas.