Essa dissertação propõe uma pesquisa sobre a saúde mental no contexto da assistência estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI). O Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010, que dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) consolidou a assistência estudantil como direito social e orienta a implantação da Assistência Estudantil (AE) nas Instituições Federais de Ensino Superior. O IFPI regulamenta, através da Resolução n.º 14/2014, a Política de Assistência Estudantil (POLAE) objetivando diminuir as desigualdades educacionais e propiciar a formação integral. A assistência à saúde do estudante faz parte dessas ações, incluindo, o cuidado em saúde mental. Portanto, a POLAE pode configurar-se como um potente dispositivo de promoção da saúde mental. Nesse sentido, buscouse analisar a concepção, planejamento e o desenvolvimento da saúde mental na assistência estudantil do IFPI e suas implicações para o alcance dos objetivos da POLAE. Metodologicamente, o estudo define-se como uma pesquisa qualitativa, sob o enfoque das práticas discursivas a partir do construcionismo social, e com caráter interventista. Escolhemos como instrumentos para produção das informações de pesquisa: a) a análise de documentos institucionais, b) entrevistas semiestruturadas e c) roda de conversa, no formato de reunião virtual, com caráter interventivo. Participaram da pesquisa dois grupos distintos de servidores, sendo 03 gestores (servidores que participaram da construção do documento de normatização da POLAE) e 09 executores (servidores que compõem a comissão de AE no IFPI Campus Oeiras). Os dados foram analisados com base na técnica do mapa dialógico organizados em duas categorias: 1) Trajetória da Assistência Estudantil no IFPI e 2) Saúde mental na Política de Assistência Estudantil do IFPI. Em resumo, em termos institucional, percebe-se um esforço por parte do IFPI em oferecer uma educação integral, de modo a universalizar a AE abrangendo as áreas propostas pela PNAES. Muito embora as práticas discursivas levantadas apontem contradições em função das ações viabilizadas pela AE privilegiarem aspectos socioeconômicos. Entende-se que, no caminho de construção de uma política universal, o(a) estudante deve ser assistido(a) na saúde de forma integral, incluindo a saúde mental. Porém, ocorre que as concepções que fundamentam tal construção não atendem a integralidade como preconizada pela atenção psicossocial e termina por oferecer um cuidado em saúde mental fragmentado. Em termos interventivos, ao oportunizar aos(as) executores(as) da POLAE, no campus investigado, uma aproximação com a perspectiva da determinação social da saúde, percebemos um movimento de ampliação da compreensão sobre a produção social da saúde e o reconhecimento de dispositivos institucionais potentes para a promoção da saúde mental. Ademais, foi problematizado acerca dos desafios em apreender elementos do processo cuidado-saúde-doença a partir de uma concepção de saúde ampliada, a partir dos marcadores sociais expressos no perfil que caracteriza o corpo discente do IFPI, de modo a superar práticas encarnadas pelo modelo privativo e individualizante de pensar a saúde mental, o que fragiliza o alcance dos objetivos da AE no âmbito dos Institutos Federais.