Este estudo se propôs a investigar a formação na Residência em Medicina Intensiva (RMI) no
tocante aos modos de lidar com a morte e o morrer na UTI. Para tanto, realizou-se uma pesquisa
qualitativa, descritiva e exploratória, que se desenvolveu em duas etapas: a primeira, pesquisa
documental e a segunda, pesquisa de campo. A coleta dos dados utilizou como fonte o Projeto
Pedagógico Curricular (PPC) da RMI e os dados obtidos da entrevista com residentes e
preceptores do programa. A análise dos dados foi feita em duas etapas: a primeira, análise
documental do PPC por meio de averiguação dos componentes curriculares e contextos em que
aparece a inserção da temática morte, a segunda, análise das entrevistas por meio do mapa
dialógico de Spink (2013). O resultado obtido evidenciou que a temática da morte ainda não está
inserida na estrutura curricular da RMI e, portanto, não se faz obrigatória na prática de ensino,
mas aparece na discussão de alguns casos clínicos e quando o residente apresenta dúvida sobre o
tema. Por meio das entrevistas, foi possível depreender diversas produções de sentidos e
significados dos médicos intensivistas diante da morte - como rotina, natural, inimiga - e uma
gradação de qual é mais ou menos aceita. Não há um consenso acerca da temática, o que pode
ocasionar dúvida nos residentes no momento de tomada de decisões que envolvem o final da
vida. Preceptores e residentes avaliam o ensino frente à morte e ao morrer como insuficiente e
sugerem, como melhoria, que haja disciplinas com aulas teóricas e práticas, com simulações
realísticas e discussões mais aprofundadas. Ademais, a maioria dos preceptores também não
tiveram formação adequada sobre o tema, o que repercute na prática formativa dos residentes e no
cuidado aos pacientes e seus familiares.