O desenvolvimento da Psicologia Escolar no Brasil se apresenta alinhado às
transformações sociais datadas desde os primórdios do período colonial, com a
invasão dos colonizadores portugueses. Nesse sentido, períodos importantes são
apontados como marcos na consolidação dessa área da Psicologia no Brasil. O
advento do capitalismo e as exigências cada vez mais acentuadas de padrões
estabelecidos de ser humano, de estudante, de professor e de escola moldaram a
prática profissional do psicólogo na área educacional, que tinha como maior intuito
o ajuste dos indivíduos a normas de estruturas pautadas numa perspectiva
produtivista, competitiva, reducionista, patologizante e individualizante. Em
meados da década de 1980, há o início de uma ruptura significativa com essa visão
conservadora e tradicional da Psicologia Escolar para a concepção da Psicologia
Escolar Crítica. Os fenômenos começam a ser entendidos como produções sociais
e da própria instituição escolar e o indivíduo, visto de maneira integral e
contextualizada. A primeira década do século XXI foi marcada por socialização
de experiências críticas exitosas dos psicólogos escolares e educacionais, não
obstante, concorrendo com visões e atuações ainda reducionistas e
individualizantes. Algumas queixas e demandas ainda se apresentam como
estranhas e distantes dos campos de trabalho educacionais, como é o caso das
demandas que envolvem morte e luto. Assim como a Psicologia Escolar passou
por transformações produzidas sob a influência dos modelos de sociedade, as
percepções construídas acerca da morte, do morrer e do luto também se pautaram
nas mudanças sociais vivenciadas ao longo do tempo, desde a morte domada, na
Idade Média, até a morte interdita, da atualidade. O interdito da morte também
perpassa as técnicas e práticas profissionais. A crescente demanda relacionada a
morte e luto, na perspectiva patológica e interdita leva para o campo do indefinido
as formas de atuação profissional que sejam consoantes com uma perspectiva
contextualizada e interrelacionada com os diversos aspectos da vida. Assim, surgiu
o anseio de investigar as práticas adotadas pelo psicólogo escolar e educacional
(PEE) brasileiro diante das demandas de morte e luto nos campos de trabalho
educacionais na Educação Básica. A partir disso, objetiva-se, de modo geral,
revelar as práticas adotadas pelo PEE diante das demandas de morte e luto nos
campos de trabalho educacionais. Especificamente, objetiva-se sistematizar as
concepções teóricas que fundamentam as ações dos PEEs, identificar as demandas
sobre morte e luto que chegam aos PEEs e caracterizar as práticas adotadas pelos
PEEs quando surgem demandas relacionadas a morte e luto. Este estudo é de
abordagem qualitativa, do tipo descritiva. Ressalta-se que esta pesquisa já foi
submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) com seres humanos e recebeu parecer favorável (3.945.795). Assim, iniciou-se a coleta de dados da amostra, que
contou com a participação de 64 PEEs das cinco regiões do Brasil. Os dados foram
coletados via formulário eletrônico online do Google Docs que foi enviado aos
profissionais via redes sociais e e-mail, mediante contato prévio. O formulário foi
construído com um conjunto de questões sociodemográficas, para caracterizar a
amostra e questões subjetivas acerca do objeto de pesquisa. Todos os aspectos
éticos da pesquisa foram resguardados conforme as resoluções 466/12 e 510/16 do
Conselho Nacional de Saúde. Os dados serão previamente analisados pelos
softwares IramuteQ e IBM SPSS Statistic 21 e posteriormente interpretados a partir
de pressupostos teóricos da psicologia escolar.