A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é constituída na atualidade, como uma
modalidade de ensino que atende alunos que nunca obtiveram escolarização, que
estão passando pelo analfabetismo funcional, escolarização incompleta ou mesmo
em situação de defasagem educacional. A partir do referencial-teórico da
Psicologia Histórico-Cultural, é preciso pensar sobre o perfil do profissional de
Psicologia para esse contexto educativo e que ações formativas vêm sendo
desenvolvidas para subsidiar sua atuação junto às políticas educacionais voltadas
para essa modalidade. Destarte, este estudo tem por objetivo analisar a formação e
atuação em Psicologia Escolar frente às Políticas Educacionais voltadas para a
Educação de Jovens e de Adultos (EJA). Como objetivos específicos: caracterizar
o perfil docente e as ações formativas desenvolvidas no que se refere à interface
Psicologia Escolar e Educacional e EJA no Brasil; apreender como a EJA é
compreendida na visão de professores-pesquisadores do Brasil; analisar como a
Psicologia Escolar e Educacional pode contribuir para formação e atuação de
Psicólogos na EJA. Este estudo utiliza o método de pesquisa materialista histórico-
dialético. Tem por cenário a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em
Psicologia (ANPEPP) e como participantes: doze professores-pesquisadores de
diversas regiões do país, que vêm desempenhando um papel formativo, político e
de produção de conhecimento, nos âmbitos do Ensino Superior e/ou Pós-
Graduação, no que diz respeito aos temas Psicologia, Educação, e Políticas
Públicas Educacionais. Os instrumentos utilizados foram: 1) questionário de dados
sócio demográficos e profissionais, para a caracterização do perfil docente e as
práticas formativas voltadas para EJA por eles desenvolvidas, e também, 2) roteiro
de entrevista semiestruturada, com vista a apreensão de como a EJA é
compreendida no cenário brasileiro, e análise de como a Psicologia Escolar e
Educacional pode contribuir para formação e atuação de Psicólogos na EJA.
Análise dos dados ocorreu através da constituição de eixos de análise, a partir da
perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural, seguindo as seguintes etapas: i)
apreensão do real imediato; ii) descrição empírica; iii) descrição teórica; iv)
estabelecimento da unidade de análise central do objeto de pesquisa, e por fim, o
v) retorno à realidade dos dados para explicá-los, com isso, pretende-se superar a
descrição e explicar o fenômeno a partir do movimento singular, particular e
universal. Esse estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí (UFPI), com número de parecer 2.708.259. Para
análise dos dados obteve-se os seguintes eixos analíticos: a) Perfil docente e
currículo em Psicologia Escolar e Educacional; b) A prática formativa em
Psicologia Escolar e Educacional voltadas para EJA; c) A EJA na compreensão dos professores de Psicologia Escolar e Educacional, que evidenciam os processos
de fracasso escolar; d) Psicologia e EJA: perspectiva para formação e atuação
profissional, que aponta para os processos de aprendizagem e desenvolvimento na
perspectiva da Psicologia Histórico-Cultural. Os resultados revelam que no campo
da Psicologia Escolar e Educacional há uma predominância de professoras com
ampla formação e experiência docente. As ações formativas voltadas para EJA
vem ocorrendo através da ensino, pesquisa e extensão, mas principalmente no
âmbito da pesquisa. A EJA é compreendida por meio do fenômeno do fracasso
escolar e entende-se que contribuições da Psicologia Escolar, tanto para formação
quanto para atuação junto a EJA, ocorrem pela mediação de processos de
aprendizagem que promovem desenvolvimento em consonância com o que
defende a Psicologia Histórico-Cultural. Conclui-se com isso que o presente
estudo propicia a análise da formação e atuação do psicólogo escolar junto a EJA,
expondo as ações formativas e perspectivas de atuação. Evidencia também, como
a Psicologia Escolar pode contribuir com os processos educativos na EJA tendo
em vista os diversos atores escolares. Este estudo fornece, portanto, subsídios para
o fomento de políticas públicas específicas para EJA e inserção do psicólogo
escolar nesta modalidade, e corrobora também, para pesquisas posteriores sobre a
temática, principalmente, no que diz respeito a interface Psicologia e EJA.