O reconhecimento das emoções como um fenômeno intrínseco ao ser humano, desperta, há cerca de três décadas, o interesse na compreensão dos comportamentos das pessoas em contextos sociais relacionados à afetividade no trabalho. Neste cenário, surge o conceito de trabalho emocional para se referir ao processo no qual as pessoas tomam como referência um padrão de sentimento ideal construído na interação social e o manejam para atender às regras de expressão emocional da organização ou ocupação. No entanto, na literatura nacional os estudos sobre esse fenômeno são incipientes, especialmente na ocupação de trabalhadoras domésticas diaristas, o que gerou o seguinte questionamento “Qual a percepção da população acerca do trabalho das diaristas e como as condições de trabalho dessas trabalhadoras repercutem em seu estado afetivo-emocional?”. A partir de estratégias metodológicas de natureza qualitativa e, sob o olhar da psicossociologia do trabalho – que possibilita analisar o contexto social do participante, o presente projeto tem como objetivo conhecer a percepção elaborada a respeito das trabalhadoras domésticas diaristas e averiguar o quanto estas percepções e as condições de trabalho influenciam as demandas de trabalho emocional e as estratégias de regulação emocional vivenciadas por parte desta categoria laboral em seu contexto de trabalho, considerando suas ambivalências, particularidades e trajetórias. Esta pesquisa social qualitativa descritiva, foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa-CEP da Universidade Federal do Piauí - UFPI com o parecer 3.496.802. Destarte, o aporte teórico da pesquisa estará pautado no modelo de autorregulação emocional desenvolvido por Grandey (2000), tendo como base o conceito de trabalho emocional elaborado por Hochschild (1979, 1983) e o desenvolvimento teórico sobre regulação emocional de Gross (1998, 1997). Desta forma, a pesquisa almeja contar com 100 indivíduos da população em geral, 30 trabalhadoras domésticas diaristas e 30 contratantes, todos maiores de 18 anos de idade da cidade de Parnaíba-PI. Serão utilizados como instrumentos de pesquisa o TALP – Teste de Associação Livre de Palavras, no qual os respondentes da população em geral e os contratantes serão abordados a respeito da percepção do trabalho das diaristas, um levantamento para identificar as principais atividade informais presente no contexto parnaibano e um roteiro de entrevista semiestruturada na qual as trabalhadoras diaristas serão solicitadas a relatar suas condições de trabalho e as influências destas condições em seu estado afetivo-emocional em relação ao contexto da atividade. Além disto, para caracterização dos participantes será elaborado um questionário sócio demográfico, a fim de levantar informações desta natureza. Os dados obtidos com a TALP e a entrevista serão analisados por meio da Técnica da Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2011) e quanto aos dados sócio demográficos será realizada análise das frequências. O estudo seguirá as normas e procedimentos éticos de acordo com as Resoluções 466/12 e 510/16. Espera-se, a partir dos estudos dos aspectos das emoções no contexto de trabalho, que seja possível contribuir com melhores condições de trabalho destas profissionais.