A hospitalidade pode ser condicionada ou absoluta, nos faz adentrar em normas, pactos e leis ou nas relações de (re)conhecimento da alteridade, bem como, hostilidade e percepção do outro como inimigo. A hospitalidade está na organização básica da vinculação humana e da cultura, nos apresenta a relação com o outro, a relação para com o estrangeiro. Assim, problematizou-se como a hospitalidade se apresenta nas estratégias de acolhimento de uma Comunidade Terapêutica na cidade de Parnaíba-PI. Objetivamos cartografar as práticas de hospitalidade na rotina de uma comunidade terapêutica; caracterizar as articulações com a RAPS; analisar os processos de institucionalização e de hospitalidade vivenciados nesses serviços; refletir sobre a hospitalidade e o acolhimento em saúde mental à luz da filosofia da diferença e do pensamento da desconstrução. Utilizamos da triangulação metodológica entre o modo de fazer pesquisa cartográfica, a observação participante e a mobilização de um grupo como dispositivo na produção de informações, analisamos por meio da analise de discurso e das implicações os encontros entre o cartógrafo e os estrangeiros. Três movimentos foram ressaltados: 1) o movimento de chegada, apresentando tanto os estrangeiros acolhidos como os modos de organização e institucionalização da CT, as suas normas e rotinas; 2) o movimento de reciprocidade, ressaltando as produções de subjetividade que acontecem e os desdobramentos para a oferta da hospitalidade na CT e os pontos de conexão com a RAPS; 3) o movimento de saída, que foca nos os sonhos, desejos e construções de vínculos de amizade produzindo durante os encontros e que podem potencializar o acolhimento em saúde. Notamos que tanto a CT como a RAPS na oferta de uma hospitalidade que reconheça as diferenças, fortaleça a construção de vínculos duráveis, superem os estranhamentos aos estrangeiros, ou seja, que desenvolvam uma prática de cuidado, acolhimento e hospitalidade, ainda, deixa muito a desejar.