Em um contexto marcado pela transfobia e pelo transfeminicídio, este estudo objetiva cartografar
processos de subjetivação e migração de gênero de transmasculinidades, transfeminilidades e
travestilidades do norte e nordeste do Brasil. Trata-se de uma cartografia como modo de fazer
pesquisa-intervenção em psicologia, por meio de participação observante, encontros, oficinas,
entrevistas e rodas de conversa. As narrativas das transentrevistas e dos encontros com oito
participantes serão transcritas em diário cartográfico, e se entrelaçam com as do primeiro autor,
também transgênero, de modo que a composição da cartografia será delineada por meio de
transescrevivências heteroautobiográficas. As implicações psicossociais que poderão emergir
como matéria de expressão dos processos de subjetivação e migração de gênero perpassam a
afirmação (ideal de masculinidades e feminilidades); reconhecimento e autoafirmação (incluindo
maternidade ou gravidez e paternidade); saúde mental; inclusão excludente das pessoas trans em
escola/universidade, espaços religiosos, mercado de trabalho e serviços de saúde. As pessoas
trans são sobreviventes e resistem ao sistema binário cisheteronormativo e à produção de
subjetividade capitalística que operam por meio da naturalização sexo/gênero e ampliam a
precarização da vida e migração de gênero rejeitando a humanidade desses corpos, negando
direitos e promovendo adoecimento.