vir, a busca por ele ou até mesmo a fuga dele, todo esse emaranhado, pode gerar no ser humano diversas sensações, estas moldadas pela maneira que se vivenciam experiências, pela realidade de tais vivências e pelo contexto em que estas estão/são submetidas. A autolesão, por sua vez, consiste no ato de causar a si mesmo algum tipo de ferimento, ela pode estar relacionada a percalços psíquicos, situações cotidianas de estresse e/ou traumáticas, luto, ansiedade, desejo, preconceito, violência, questões sociais e culturais, dentre uma série de fatores. Tendo em vista sua insurgência e/ou transparência no contexto educacional estar ganhando expressivos números e indicadores, este estudo, portanto, tem como objetivo investigar a atuação de psicólogas(os) escolares frente às demandas de autolesão na educação pública do estado do Piauí de acordo com a perspectiva da Psicologia Escolar Crítica. Assim, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, com 15 psicólogas (os) escolares que atuam na educação pública do estado do Piauí em Gerências Regionais de Educação (GREs), a partir das macrorregiões do estado em que estão inseridas. Com a intenção de explicar o fenômeno, foi utilizado a fundamentação do Materialismo Histórico-Dialético e o método Histórico Cultural de Vygotsky para análise de dados. Os resultados encontrados foram divididos em dois estudos. O estudo 01, “(Re)Cortes da dor: autolesão sob perspectiva de Psicólogas Escolares do ensino público do Piauí”, que analisa a partir dos relatos das psicólogas(os), a ocorrência do fenômeno autolesivo entre alunas e alunos do ensino público piauiense e suas multicausalidades, mediante análise foram estabelecidos dois recortes: “Recorte 01- Ali vi o ar, o alívio contraditório na dor”, “Recorte 02- Marcar a dor: os marcadores de autolesão na escola,” que, por sua vez, foram trabalhadas em três unidades de análise: “A dor familiar”, “O machucar do ser machucado” (questões relacionadas ao bullying e preconceitos) e “Cicatrizes (in)visíveis” (impactos da saúde mental). O Estudo 02, tem como tema: “Tocando a ferida: Práticas de psicólogas frente a autolesão na Educação Pública Piauiense.” Seu objetivo é analisar as práticas e possíveis intervenções da psicóloga(o) frente a autolesão, como demandas educacionais da escola pública. Dois recortes foram analisados: “Recorte 1- Ataduras em ação: práticas de psicólogas frente a autolesão”, que compreendem três unidades- Principais Práticas, Modelos de Atendimento e Autolesão e Psicologia Escolar Crítica; “Recorte 2- Entre linhas e (desa)fios: dificuldades na costura de práticas profissionais”. As ações pontadas como mais desenvolvidas foram: Encaminhamentos- 100% (15 psicólogas), Escuta Individual- 100% (15), Ações Coletivas- 80% (12), Ações com a família- 60% (9), companhamento com os estudantes- 40% (6), realização de Relatórios 33% (5) e utilização da Lei de Notificação Compulsória - 33% (5). Portanto, conclui-se que um viés clínico de escuta é desenvolvido, porém não há um foco em um caráter psicoterápico, tendo em vista a realização igualmente significativa de encaminhamentos e de ações coletivas. Por isso, compreender a demanda de autolesão, como um fenômeno presente e amplo, conhecer a rede de apoio e buscar o aporte teórico-prático necessário para ações coletivas no contexto educacional é fundamental para uma prática que toque a ferida de uma maneira mais empática e transformadora.