No Brasil, o primeiro caso de COVID-19 foi confirmado em 26 de fevereiro de 2020, sendo com isso declarada Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) pelo Ministério da Saúde. Diante da necessidade de mitigar a propagação do vírus, foram tomadas medidas de controle contra a sua propagação, como quarentenas e isolamento social. Essas medidas afetaram muitos aspectos da vida das pessoas, gerando sérias ameaças à sua saúde e desencadeando vários tipos de problemas. Dentre estes observou-se um risco relevante do aumento potencial da violência por parceiro íntimo (VPI). Relatórios em diversos países mostram um aumento significativo na VPI durante o período da pandemia por COVID-19. Com isso, a presente dissertação propõe investigar a relação entre o estresse frente a COVID-19 e a agressão psicológica em relacionamentos amorosos. A ênfase a esse tipo específico de violência se dá pelo fato de ser uma forma de VPI que se apresenta de forma mais sutil, muitas vezes sendo naturalizada e não reconhecida como violência. Para tanto, foram realizados estudos divididos em três artigos. O primeiro artigo trata-se da adaptação da COVID-19 Stress Scales (CSS), reunindo evidências psicométricas. O segundo artigo trata-se da adaptação e validação da Psychological Aggression Scale (PAS). Por fim, o último artigo propõe conhecer em que medida o estresse frente a COVID-19 explica o comportamento de perpetração da agressão psicológica, controlando os efeitos de idade e sexo. No artigo 1 foram realizados dois estudos com participantes de diferentes estados brasileiros. No primeiro (n = 423) a análise fatorial exploratória sugeriu uma estrutura pentafatorial. No segundo (n= 300) executou-se uma análise fatorial confirmatória testando modelo pentafatorial. Realizou-se a correlação de Pearson (r) que evidenciou relações positivas e estatisticamente significativas entre ansiedade e o estresse frente a COVID, indicando validade convergente. No artigo 2 também foram realizados dois estudos com participantes de diferentes estados brasileiros. No primeiro estudo contou-se com uma amostra de 200 participantes, e através do Factor (versão 10.5) foi realizada a análise fatorial exploratória, que sugeriu uma estrutura unifatorial tanto para a escala de vitimização quanto para a escala de perpetração, com cargas fatoriais que variaram de 0,490 a 0,895 para a primeira e 0,374 a 0,904 para a segunda. Neste estudo, os índices de consistência interna apresentaram-se adequados para ambas as escalas (Vitimização: (α) 0.87 e (Ω) 0.88; Perpetração: (α) 0.85 e (Ω) 0.85). No segundo estudo contou-se com uma nova amostra de 207 participantes, e através do R 3.3.3 (R Core Team, 2017) executou-se uma análise fatorial confirmatória, confirmando a estrutura unidimensional das EAP, que apresentou indicadores que atestam o ajuste do modelo aos dados, apresentando indicadores de precisão acima do recomendado (Vitimização: (α) 0,87 e (Ω) 0,88; Perpetração: (α) 0,86 e (Ω) 0,86). No artigo 3, participaram 264 pessoas. Os resultados deste estudo, por meio de correlações e regressões hierárquicas, demonstraram que os fatores xenofobia (r= 0,18; p<0,001) e estresse pós-traumático (r= 0,16; p<0,001) da medida de estresse da COVID-19 explicaram o comportamento de perpetração da agressão psicológica entre parceiros íntimos [R = 0,26, R2Ajustado = 0,04; F (7,258) = 2,623, p < 0,01]. Esses achados ampliam a discussão sobre a agressão psicológica e o estresse gerado pela pandemia da COVID-19.