A resistência estudantil atua no cenário educacional frente as diversas precarizações institucionais. Dentro do movimento estudantil e nas suas entidades ela está presente no desenvolvimento sócio político dos estudantes e sendo via de expressão, dentro das instituições de ensino, das questões latentes e difusas da sociedade. Assim, a resistência histórica das entidades estudantis e a sua disposição para lutar formam uma frente de múltiplas potencialidades no processo de transformação social. Em razão disso surge o questionamento desse trabalho: de que maneiras a resistência estudantil emerge durante a trajetória educacional e auxilia no enfrentamento das adversidades enfrentadas durante o processo de escolarização? O presente trabalho objetivou analisar a emergência da resistência estudantil no enfrentamento de adversidades durante a trajetória educacional. Além de identificar quais as demandas da instituição trazidas pelos estudantes durante a trajetória educacional, levantar as adversidades enfrentadas pelo movimento estudantil no cotidiano das instituições de ensino e verificar as estratégias do movimento estudantil e as redes de proteção existentes na escola, a partir dos relatos dos estudantes. O presente projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa - CEP da Universidade Federal do Piauí, conforme número do parecer: 4.077.485. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo e quanto aos seus objetivos, enquadra-se como uma pesquisa descritiva. Contou com a participação de 12 militantes maiores de 18 anos que participam das entidades estudantis no estado do Piauí, no mínimo há um ano. As participantes, tiveram idade mínima de 21 e máxima de 26 anos, apresentando uma média de 23,16. As militantes atuam em diferentes entidades sendo elas, Diretório Central dos Estudantes e Centros Acadêmicos. A coleta dos dados se deu mediante entrevista semiestruturada, contendo perguntas sociodemográficas e perguntas relacionadas as demandas e as dificuldades do movimento estudantil, acerca das redes de proteção ofertadas pela instituição e sobre a resistência estudantil. A coleta foi iniciada após aquiescência do CEP e das participantes, mediante explicitação do TCLE, contendo todas as informações necessárias referentes a pesquisa. O contato se deu via mídias sociais das entidades estudantis piauienses, instagram, facebook, whatsapp, após aceite agendou-se a entrevista de acordo com a disponibilidade das participantes. As entrevistas variaram com o tempo de 40 à 50 minutos. A análise dos dados se deu a partir do método histórico-cultural, onde tiveram início desde o começo da coleta, tento em vista as representações iniciais e a apreensão do real imediato do fenômeno, Posteriormente deu-se início a descrição empírica dos dados, divididos em dois estudos, estudo 1 - Movimento estudantil no Piauí: demandas educacionais e adversidades vivenciadas na trajetória estudantil, onde os resultados se dividiram em dois eixos centrais: demandas que chegam as entidades estudantis e dificuldades enfrentadas pelas entidades estudantis. O primeiro eixo apresentou quanto unidades analíticas (demandas acadêmicas, demandas assistenciais, demandas políticas e demandas devido a pandemia), o segundo eixo também apresentou quatro unidades analíticas (dificuldades estruturais, dificuldades referentes a precarização, dificuldades referentes as perseguições políticas, e dificuldades devido a pandemia). A partir dos depoimentos das Militantes compreendeu-se que as demandas apresentadas tem relação direta com as precarizações e os problemas sociais, o sucateamento das instituições, o acesso e a permanência das classes populares, o machismo, racismo e o preconceito. As dificuldades dialogam com a forma de se entender os movimentos sociais e o movimento estudantil, como desnecessários, inválidos e sem pautas sérias. O segundo estudo Resistência estudantil: estratégias do movimento e o papel das instituições, está em processo de construção. Espera-se que os resultados da pesquisa proporcionem reflexões acerca da importância das entidades estudantis, do engajamento político e da participação ativa dos estudantes para um ensino democrático. Que as instituições de ensino possam pensar em estratégias de facilitar as expressões das entidades estudantis e de trabalharem juntas para uma educação de qualidade.