A problemática que orienta o presente estudo diz respeito aos discursos de ódio proferidos contras feministas nas mídias sociais. O ciberespaço se constitui como uma importante ferramenta para os feminismos, possibilitando denúncias, compartilhamento de vivências, organização de movimentos que garantam direitos, dentre tantas outras possibilidades. Mas essas movimentações não atraem apenas pontos positivos. Em um levantamento recente feito a pedido do site The Intercept Brasil para a SaferNet, constatou-se que as denúncias incluindo neonazismo, pornografia infantil e crimes de ódio aumentaram vertiginosamente entre março e julho de 2020. Com relação aos crimes de ódio, houve um aumento de quase três vezes mais denúncias de racismo se comparado ao mesmo período em 2019, com o Facebook registrando o maior número de casos. Constata-se, assim, que os casos de violência online contra a mulher dobraram, tendo mais recentemente o Twitter contando com os maiores registros, por mais que a plataforma tenha se movimentado para remover as postagens. Tendo em vista o constante uso do Twitter como ambiente de importantes discussões da luta feminista, o presente estudo deter-se-á nessa rede social para estudar sobre os discursos de ódio contra feministas. Ressalta-se ainda que discursos de ódio são uma realidade em diversas mídias sociais, tendo as mulheres como grande alvo dessa violência, com destaque para as mulheres negras que têm recebido um número maior de ataques. Diante disso, objetiva-se, de forma geral, analisar os discursos de ódio que circulam no Twitter contra o movimento feminista. Como objetivos específicos: a) identificar esses discursos de ódio; b) detalhar quais pautas feministas são alvo e concentram esses discursos; c) acompanhar em que condições tais discursos emergem e são intensificados; e d) apreender como os movimentos e coletivos feministas têm resistido a tais discursos. Trata-se de estudo estruturado em termos metodológicos por uma Análise de Redes Sociais (ARS), tendo o Twitter como foco. É um estudo de natureza mista, utilizando como ferramentas de coleta a ferramenta online Netlytic, e para análise o software Gephi e a análise do discurso. Os dados serão extraídos de perfis públicos, portanto, não será preciso a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. Todos os cuidados éticos serão tomados, como não exibir o nome real dos usuários pesquisados, evitando que haja identificação. Pensar a presente pesquisa no âmbito da Psicologia trata-se de entender o compromisso ético e político dessa ciência e profissão assumindo a posição de luta contra opressões, como o sexismo e o racismo, enquanto vetores estruturais formação social brasileira.