A formação em saúde vem passando por transformações ao longo dos anos. Mediante as dificuldades das diversas categorias profissionais, incluindo a psicologia, em atuar de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) especialmente na Estratégia de Saúde da Família, temos o surgimento das residências multiprofissionais. Estas são programas orientados pelos princípios e diretrizes do SUS e consideradas um modelo de formação em serviço, proporcionando a qualificação dos profissionais de saúde, visando atuação de forma integral, interdisciplinar e em conformidade com as necessidades e realidades locais e regionais. Apesar de um histórico dedicado as populações elitistas, a psicologia consolidou-se, no campo das políticas públicas, atuando em equipes multiprofissionais, no final da década de 1980, com o deslocamento cada vez mais significativo do psicólogo da condição de profissional liberal para trabalhador nas políticas de saúde. Devido a carência de estudos que abordem a preceptoria em psicologia na atenção básica, surge a questão: como ocorre a preceptoria em psicologia no âmbito da atenção básica? Os seguintes objetivos que norteiam a pesquisa: o objetivo geral de mapear como acontece a preceptoria na formação dos profissionais residentes psicólogos em um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade em uma cidade do interior do Piauí-PI. E como objetivos específicos: perceber as dificuldades e contribuições vivenciadas pelos preceptores; discutir quais os atravessamentos dificultam a prática profissional em psicologia no contexto da residência; e, refletir sobre as possibilidades no processo de educação permanente na formação de profissionais para o fortalecimento SUS. O percurso metodológico: pesquisa de caráter qualitativo, onde a pesquisa-intervenção teve base na Análise Institucional, que deu suporte para problematizar as implicações, como também levantar os discursos e as normas produzidos no coletivo pesquisado. Foram realizadas duas rodas de conversas em momentos diferentes, a primeira onde foi facilitada a Tenda do Conto com as três preceptoras e quatro residentes das seis que fazem parte deste núcleo. No segundo momento, apenas com as preceptoras, construiu-se a linha do tempo, com a intenção de refletir sobre o processo de formação das preceptoras e suas vivências entendendo os caminhos trilhados desde a graduação até o momento de realização da pesquisa. Em um terceiro momento ocorreram entrevistas abertas e semiestruturadas com temas relacionados aos objetivos deste estudo. Toda inserção da pesquisadora entrou em análise, por meio dos diários de pesquisa, ferramenta base para as anotações relevantes observadas em campo. Entre as discussões produzidas e resultados, os analisadores (as análises de implicações das preceptoras, gestão do trabalho e gestão de formação) que foram suscitados deram visibilidade aos processos vivenciados. Cabe aqui ressaltar que as implicações das profissionais estiveram presentes, foram consideradas e analisadas. Considerações finais: este estudo buscou contribuir para a atuação da preceptoria em psicologia, auxiliando os profissionais envolvidos a refletir sobre os modos de vida locais; e como os residentes psicólogos podem proporcionar práticas de cuidado em saúde integrais e interdisciplinares no campo das políticas públicas, atuando em equipes multiprofissionais.