A esquizofrenia é um transtorno que engloba uma série de sintomas classificados em: positivos, negativos, e desorganização cognitiva. Estes sintomas levam a prejuízos na interação social do indivíduo. A principal forma de intervenção na esquizofrenia é medicamentosa. Os antipsicóticos provocam diversos efeitos colaterais, e não agem de forma eficiente nos diferentes tipos de sintomas. Portanto, pesquisadores tem buscado outras ferramentas para intervenção neste transtorno. A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é uma técnica de neuromodulação não invasiva com capacidade de estimular ou inibir áreas cerebrais. Diante das características neurolofisiologicas da esquizofrenia, a ETCC pode ser uma ferramenta promissora para o tratamento do referido transtorno. Neste sentido, este estudo tem como objetivo: Apresentar os efeitos da ETCC sobre os sintomas, neurocognição e funcionamento social em pacientes com esquizofrenia. Para tanto foi desenvolvido um estudo teórico divido em duas partes, oriundos a partir de uma busca abrangente em bases de dados com protocolos de busca e análises específicos para cada fase, resultando na identificação de 1416 artigos, destes 444 foram eliminados por estarem duplicados, resultando na inclusão de 9 estudos na primeira etapa e 21 na segunda. A primeira, contempla uma revisão sistemática, que busca responder à seguinte pergunta: O que sabemos e quais os direcionamentos acercar das intervenções da ETCC nos sintomas da esquizofrenia, neurocognição e funcionamento social? Por meio desta foi possível levantar as seguintes considerações: (1) Ainda não foi possível evidenciar efeitos significativos do tratamento com ETCC na patologia geral da esquizofrenia, sintomas positivos, negativos, neurocognição e funcionamento social. Contudo, análises de subgrupos que: (a) As alucinações auditivas são reduzidas significativamente com ETCC, na ocasião do eletrodo posicionado na rede fronto-parietal (A: entre F3-Fp1, C: entre T3-P3), sendo 2 sessões por dia, durante cinco dias consecutivos, intensidade de corrente de 2mA e 20 min cada seção; (b) Os sintomas negativos podem ser tratados com ETCC no córtex pré-frontal dorsolateral, não foi possível definir qual o melhor posicionamento dos eletrodos, sessões repetidas de ETCC em intervalos curtos podem ser mais efetivas do que as sessões mais espaçadas; (c) Foram encontrados efeitos significativos nos seguintes domínios: atenção, memória de trabalho, memória e capacidade cognitiva. (2) As variáveis demográficas influenciam na eficácia. (3) ECRs bem delineados, multicêntricos, em larga escala, com protocolos que já demonstraram efeitos positivos, e novos ECRs para testar outros parâmetros e montagem de elétrodos, com amostras homogêneas são necessários para compreender a ação da ETCC e provar a eficácia no tratamento da esquizofrenia. A segunda, em análise, constitui-se de uma revisão sistemática com metanálise bayesiana, que busca responder ao seguinte problema de pesquisa: A ETCC melhorou os sintomas, neurocognição e o funcionamento social de pacientes com esquizofrenia que receberam estimulação ativa? Diante do exposto, esta pesquisa contribui com um aporte teórico sistemático do estado do conhecimento da aplicação da ETCC nos domínios da neurocognição, funcionamento social e sintomas positivos e negativos em pessoas com esquizofrenia, fornecendo subsídios para a execução de um protocolo eficaz no tratamento da esquizofrenia.