O estudo objetivou analisar se a expressão de apreciação e o manejo do dinheiro predizem a forma como os casais enfrentam a pressão econômica no contexto da crise financeira. Para tanto, participaram da pesquisa 337 pessoas casadas da população geral, sendo a maioria do sexo feminino (61,4%), com média de idade de 36,4 anos (com amplitude de 18 a 71 anos; DP = 10,4). Destes, 97,6% assumiram uma identidade heterossexual, com ensino superior completo e pós-graduação (54,9%). Quanto ao tempo de relacionamento, apresentaram uma média de 143,2 meses (DP = 118,9) de união conjugal. Participaram pessoas de 13 estados brasileiros, com a maior parte delas do Piauí (84,3%) por conta da aplicação dos questionários de forma presencial, seguido do Maranhão (7,1%). Sobre a renda familiar, 66% declarou que a família se mantém com até cinco salários mínimos, sendo que 13,1% desses vivem com até um salário. Do total, 60,5% trabalha e 5,3% estão desempregados. A amostra foi de conveniência, não probabilística. Os participantes responderam aos seguintes instrumentos: Escala de Apreciação nos Relacionamentos; Questionário sobre o Manejo do Dinheiro; Questionário sobre a Pressão Econômica e Questionário Sócio demográfico. Os dados foram tabulados e analisados no software SPSS para Windows, versão 23, onde foram calculadas as estatísticas descritivas (medidas de tendência central e dispersão, distribuição de frequências) para caracterizar a amostra, além das análises de Correlação r de Pearson e Regressão. Os resultados indicaram que a maioria das pessoas casadas utilizam o sistema de gestão compartilhada do dinheiro (51,6%), priorizam os gastos com alimentação (54%) e adotam como última prioridade as despesas com a saúde (6,2%). Houve correlação entre as variáveis sócio demográficas e as dimensões da pressão econômica, apontando que a classe social e a escolaridade podem influenciar no enfrentamento da crise financeira. A infidelidade financeira foi declarada por 56,1%, afirmando que já esconderam seus gastos do cônjuge. Observaram-se correlações entre as dimensões da pressão econômica tanto com as de manejo do dinheiro quanto com as de apreciação em relacionamentos. Os resultados apontaram ainda que a apreciação, e principalmente, o manejo do dinheiro explicam a pressão econômica enfrentada pelos casais no contexto da crise financeira e, por isso, pode-se sugerir que se constituem como protetivos para o relacionamento. Desta forma, ressalta-se a relevância de ampliar a compreensão dos fatores que podem predizer a pressão econômica nos relacionamentos e auxiliar os casais a lidarem de modo satisfatório com as formas protetivas para a relação ao vivenciarem o contexto da crise financeira.