Segundo a Organização Mundial de Saúde (2014), em 2012 ocorreram cerca de 804 000 suicídios no mundo, o que representa uma taxa anual padronizada por idade de 11.4 mortes por esta causa a cada 100 mil habitantes. No Brasil, de 2002 a 2012, o total de suicídios se elevou de 7.726 para 10.321, o que significa um aumento de 33.6%, superior ao crescimento da população (Waiselfisz, 2014). De acordo com boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, no período de 2011 a 2015 foram notificados 55.649 suicídios no país, o que leva a uma taxa de 5,5 óbitos para 100 mil habitantes, que variou de 5,3 em 2011 a 5,7 em 2015 (Brasil, 2017). Falar sobre o tema parece ter se tornado algo comum em 2017 e a divulgação de jogos e programas direcionados ao público jovem que de alguma forma abordam a temática a fizeram frequentemente discutida. O interesse nesta pesquisa, no entanto surgiu anteriormente, relacionado a experiências profissionais. Como estas se deram principalmente no contato com adolescentes e jovens de classe econômica baixa, começamos a pensar nos casos de suicídio entre estes quando em contexto de invisibilidade social na contemporaneidade. Para falar sobre isto, usamos os conceitos de Homo Sacer e Vida Nua, de Agamben (2007), vidas precárias, de Judith Butler (2011), bem como as reflexões de Foucault (2005) sobre “fazer viver e deixar morrer” na sociedade moderna. Durkheim (2000) se propôs, já no seu tempo, a analisar a temática do suicídio sob um prisma social, analisando não o indivíduo em si, mas a coletividade. Assim, começamos a pensar sobre que sociedade é esta que produz cada vez mais sujeitos, jovens, que recorrem ao suicídio. A pesquisa tem como objetivo geral compreender o aumento da incidência de suicídio entre jovens em uma sociedade contemporânea, relacionando-o a questões de invisibilidade social. Especificamente, buscamos realizar um estudo do perfil epidemiológico do suicídio na atualidade brasileira divulgado pelo Ministério da Saúde; analisar formas de invisibilidade social existentes na juventude contemporânea; descrever as características do período histórico contemporâneo; e tecer relações entre juventude, invisibilidade social e suicídio na contemporaneidade. Será realizada uma pesquisa qualitativa, com uso da Cartografia. Esta focará elementos surgidos principalmente na contemporaneidade sobre as temáticas, especialmente nos anos de 2017 e 2018. Como territórios cartografados teremos eventos científicos e leigos realizados sobre suicídio, publicações jornalísticas e de opinião, através de comentários públicos em sites e redes sociais ou da oferta de informações e serviços relacionados ao tema. Também falaremos sobre experiências profissionais que nos remetem à temática. Este trabalho está de acordo com as normas da Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde que autoriza a pesquisa que utiliza informações de acesso e/ou domínio público, bem como estudos que buscam aprofundar teoricamente situações que surgem de forma espontânea no contexto profissional, de modo que não seja possível identificar os sujeitos.