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Banca de QUALIFICAÇÃO: ROSIVALDO DOS SANTOS SOUZA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ROSIVALDO DOS SANTOS SOUZA
DATA: 31/10/2020
HORA: 10:00
LOCAL: Defesa online-Resolução 015/2020 CONSUN - Via Plataforma de Webconferência Google Meet
TÍTULO: TÍTULO DO TRABALHO: FILOSOFIA DA PRÁXIS EM ANTÔNIO GRAMSCI: UMA ANÁLISE DA FILOSOFIA IMPLÍCITA NO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL (PEI) E NA TECNOLOGIA EMPRESARIAL APLICADA A EDUCAÇÃO PARA RESULTADOS (TEAR).
PALAVRAS-CHAVES: Programa de Educação Integral; TEAR; Filosofia da Práxis.
PÁGINAS: 72
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Filosofia
RESUMO:

Apesar de ser espaço público e plural, a escola tem sido mecanismo de
colonização política e conformação ideológica. Como aparelho de hegemonia do
Estado, serve ao discurso hegemônico que, no caso atual, enxerga nele um
ambiente favorável a formação de capital humano. Essa pesquisa tem entendido
a filosofia institucionalizada na educação básica de Pernambuco, Programa de
Educação Integral, como ideologia contemporânea da competência, orientada
pelo conceito de “modernidade” e “eficiência”, sob o espírito capitalista
neoliberal. O seu objetivo é desnaturalizar essa realidade do sistema de ensino
pernambucano, retirando-a da condição de necessidade dos “novos tempos” e
colocando-a na condição de discurso que conseguiu se tornar dominante.
Assumindo a desnaturalização da realidade, buscando as condições sóciohistóricas
do discurso como intervenção filosófica e o materialismo históricodialético
de Gramsci e a teoria do discurso de Laclau e Mouffe como instrumental
teórico metodológico dessa intervenção, confrontaremos os conceitos e marcas
identitárias do Programa de Educação Integral (PEI) e da Tecnologia
Empresarial Aplicada a Educação (TEAR). Esses dois elementos estruturantes
das Escolas de Referência em Ensino Médio (EREM), amparados na justificativa
da modernidade necessária para atingir níveis altos de qualidade educacional,
trabalham na formatação do sistema de ensino nos moldes da logística
empresarial – planejamento sistemático e hierarquizado (SEC/GRE/EREM),
controle de qualidade (SAEPE/SAEB), incentivo financeiro (BDE) – fortalecendo
o ideal de formação controlada do ser humano, através da chamada Educação
Integral e Interdimensional (EII). Esses elementos constitutivos, sob aporte
neocapitalista, acabam atendendo os interesses do discurso hegemônico e
fortalecendo, no sistema de ensino básico pernambucano, a presença de uma
visão empresarial da vida, um modo de ser produtivo, eficiente e competitivo que,
além de ressignificar o modo operacional da escola e do sistema de ensino,
conforma a sociedade a um novo tipo humano adequado as demandas do
mercado. O objeto da pesquisa é a filosofia (concepção de mundo) do Programa
de Educação Integral de Pernambuco (PEI), modelo de gestão escolar amparado
na chamada Tecnologia Empresarial Aplicada a Educação para Resultados
(TEAR) e na Educação Integral e Interdimensional (EII), elementos que
dimensionam um tipo humano idealizado no programa. Sob o olhar confrontador
e dialógico das categorias conceituais de Antônio Gramsci, a hegemonia, a
ideologia e a filosofia da práxis, a hipótese da presença ideológica no sistema
escolar de um discurso fundado em um ideal de ser humano maximizado em
competências e habilidades exigidas, necessariamente, por uma posição
política-filosófica que se tornou dominante ao longo de embates e negociações
com outros discursos contrários, aparece translúcido e com algumas questões
passíveis de futuras investigações, a saber: 1. Se o desejo em formar nos jovens
as competências socioemocionais é um objetivo da Educação Interdimensional,
quais seriam os valores que consubstanciariam essas competências? Quem as
escolheria e por quê? Como seriam pedagogicamente trabalhadas? Seria ético
listar um conjunto de valores, excluindo outros, para formar o indivíduo desejado
pelo mercado de trabalho e pela cidadania liberal, sendo esses elementos
discursivamente contingentes e históricos? O que seria formar competências nos
estudantes? Caso a cidadania e o trabalho sejam algumas dessas competências
escolhidas para formar o estudante, qual ideia de cidadania e de trabalho seriam
escolhidas? 2. Se o objetivo do programa é formar jovens integralmente capazes
de atender as exigências do investidor social, onde, em termos de cidadania e
produtividade, se encontram os alunos egressos? 3. Se um dos holofotes do
programa está direcionado a formação moral dos jovens estudantes, quais
seriam os critérios e parâmetros de aferição objetiva dessa categoria? 4. Os
resultados estipulados que não são satisfatoriamente alcançados, encarados
pelo TEAR como “desvios”, reflete uma vontade de predição e um desejo de
objetivação da realidade contingente? Além desses problemas que nos
aparecem no decorrer da pesquisa, não sendo, no entanto, alvos diretos da
nossa investigação e intervenção filosófica, surgem também como resultados: 1.
a acolhida das categorias conceituais gramscianas - ideologia, hegemonia e
filosofia da práxis - como possibilidades interpretativas de fatos que marcam a
educação básica de Pernambuco, o TEAR e o PEI; 2. a relação do TEAR,
enquanto tecnologia de gestão escolar, oriundo das relações de produção
(infraestrutura), com a formação de um novo tipo humano através da escola
(superestrutura); 3. a intervenção filosófica, exigida pelo Prof-filo, como
desnaturalização da realidade política-ideológica do sistema escolar, e não como
criação de técnicas e práticas pedagógicas voltadas para o ensino de filosofia;
4. a escola (aparelho de hegemonia), como fábrica produtora de valores,
competências, habilidades e apta a adotar um modo de trabalho pedagógico e
gerencial administrativo calcado em aportes empresariais; 5. um entendimento
de que é possível, e necessário, formar um novo tipo humano sempre que um
novo tempo se apresenta com seu discurso majoritário; 6. uma visão de filosofia
que contribui, com sua história, sua radicalidade, seu caráter contrahegemônico,
tensionador e desnaturalizante, junto aos outros componentes
curriculares da escola, na formação autorreflexiva dos jovens estudantes. É
nesse panorama de elaboração programática da humanidade, onde o ser
humano produz a si mesmo numa relação historicamente conflituosa e dialética,
e a partir das relações dialógicas das classes produtoras, que inserimos o PEI
como espécie de resposta conformista aos apelos da “modernidade” e da
“eficiência” no processo de produção de capital humano. Com o avanço global
do capitalismo e das suas formas de colonização de espaços da sociedade civil,
a presença da lógica empresarial dominando a escola; a educação de qualidade
sendo vendida como mercadoria; a formação de capital humano a partir de um
padrão de qualidade definidos por instituições internacionais, ocorreu mais um
acentuado grau de encolhimento e fragmentação da classe trabalhadora,
oriundos de uma precarização imposta por programas políticos liberais levados
ao poder, muitas vezes, sobre os ombros da classe subalterna. Apesar disso,
outra coisa que se vislumbra, é o tensionamento da humanidade na direção de
uma consciência de controle de si mesmo, através de projetos e programas
idealmente capazes de ampliar e expandir a gestão de suas relações sociais e
das suas capacidades individuais.


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - ANITA HELENA SCHLESENER - UTP
Interno - 1210409 - DEYVISON RODRIGUES LIMA
Presidente - 341849 - MARIA CRISTINA DE TAVORA SPARANO
Notícia cadastrada em: 24/10/2020 21:12
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