Com o intuito de atender as demandas da população, os serviços de saúde pública devem operar
de forma satisfatória para garantir a todos acesso a um sistema de qualidade. A saúde, direito
de todos e dever do Estado, é um direito constitucional e está previsto na Constituição Federal
de 1988. Além dessa garantia, a Carta Magna inovou ao implementar um Sistema Único de
Saúde (SUS) resultante da reforma sanitária ocorrida nas décadas de 70 e 80. Diante desse novo
cenário, os entes federativos passam a compartilhar atribuições e constituem-se em uma rede
de prestação de serviços à saúde. Com isso, para atender as especificidades da prestação de
serviço à população, os três níveis de atenção (primária, secundária e terciária) atuam de forma
distinta. A atenção primária, a exemplo das Unidades Básicas de Saúde (UBS), atuam como
porta de entrada, buscando de forma estratégica, reduzir a demanda nos Hospitais. Esses, por
sua vez, prestam serviços com um maior grau tecnológico e demandam mais recursos por parte
do governo. Nesse contexto, as UBS encontram-se em maior número e tendem a ser mais
concentradas para que a população tenha um acesso rápido ao atendimento, enquanto que os
hospitais encontram-se dispersos e em menor número, uma vez que apresentam um maior grau
de especialidade. Mediante o exposto e com vistas a garantir o acesso universal, igualitário e
com qualidade para todos, é salutar que o poder público tenha conhecimento da eficiência
dessas unidades para avaliar se estas, com a melhor relação custo-benefício, estão ou não
alcançando seus objetivos sem perder a qualidade. Diante dessa temática, o presente trabalho
propõe-se a analisar a eficiência das Unidades Básicas de Saúde e dos Hospitais de média e alta
complexidade das onze Regiões de Saúde (RS) do estado do Piauí ao longo dos anos de 2015 a
2019. Para isso, aplica-se no primeiro estágio de análise a Análise Envoltória de Dados (DEA),
a fim de calcular os scores de eficiência de cada uma das Unidades Tomadoras de Decisão
(DMUs). No segundo estágio, aplica-se a Regressão de Tobit para mensurar a significância das
variáveis de entrada e saída (específicas para cada nível de especialidade) e das variáveis
contextuais (PIB/per capita, escolaridade, IDHM e i-Gini/município) na ineficiência e
eficiência das DMUs. Por fim, o terceiro estágio consiste em avaliar através do índice de
Malmquist a mudança em produtividade ou ganho de eficiência tecnológica das unidades entre
os anos de 2015 a 2019.