Este trabalho analisa o determinismo tecnológico, que muitas vezes se apresenta à filosofia
como um problema por afirmar que as mudanças tecnológicas determinam as relações sociais.
Esta afirmação gera respostas do tipo: as mudanças tecnológicas são explicadas por meio das
relações sociais. Partindo do contexto apresentado por Marx e Smith (1994), no qual as
sociedades modernas se acostumaram com a ideia de que o desenvolvimento tecnológico e seus
produtos mudam os modos de vida, percebe-se que na era moderna, existe uma impressão forte
de que a tecnologia tem um poder crucial de mudar a cultura e a história. Essa impressão gerou
uma série de narrativas que encontram um vasto espaço no senso comum, dando um caráter
específico a noção de história empregada em nossa época: a tecnologia e sua eficácia
representam uma força que conduz a história da humanidade. Nestas narrativas uma inovação
tecnológica é introduzida repentinamente e causa algum impacto importante. Outra
característica importante dessas narrativas é que muitas vezes elas chamam nossa atenção muito
mais para as consequências do que para o surgimento dessas tecnologias. Diante desta situação,
analisaremos diferentes abordagens que tentam dar conta desse problema criticando a noção de
“determinismo tecnológico”, e dar especial atenção a abordagem de Bruno Latour e sua noção
de mediação técnica como uma interpretação mais eficaz em apresentar os múltiplos papeis
desempenhados pelas técnicas na vida das sociedades. Ao dar ênfase a noções como
substituição e associação como elementos mais interessantes na elaboração de narrativas que
não isolam humanos de um lado e coisas do outro, a mediação técnica aparece como uma
resposta crítica ao determinismo tecnológico, mostrando que a atribuição da agência às
tecnologias ou às relações sociais é muito mais indeterminada do que as abordagens analisadas
costumam reconhecer