Desde seus primeiros escritos, Friedrich Nietzsche (1844-1900) faz uma crítica radical dos valores morais, apontando especialmente a partir de Zaratustra, a necessidade de uma radical transvaloração de todos os valores. A partir dessa obra, o termo transvaloração se torna tema recorrente na filosofia de Nietzsche, constituindo-se como chave fundamental para se compreender seus escritos posteriores. A ideia de transvaloração unida a ideia de superação surge como um projeto para se rever os ideais propagados no Ocidente e superá-los. É através de sua personagem principal, Zaratustra, que Nietzsche retoma seu projeto de transvaloração, aprofundando os elementos conceituais que passa a caracterizar tal projeto nessa última fase de seu pensamento. Depois de dez anos de seu retiro nas montanhas, Zaratustra se vê transformado e pretende em seu declinar das montanhas, compartilhar de sua sabedoria para que outros homens sejam também transformados: “Vê! Aborreci-me minha sabedoria, como a abelha que juntou mel em excesso; preciso de mãos que para mim se estendam.”
A presente pesquisa se centrará então, em analisar esse processo de transvaloração, tal como descrito no Zaratustra, com o intuito de investigar se é possível identificar a presença de dois processos distintos de superação em tal movimento, um subjetivo (auto superação) e outro cultural (transvaloração cultural).