A presente dissertação tem por objetivo principal analisar a importância do pária no pensamento político de Hannah Arendt, no sentido de expor suas análises em torno da crise da política moderna. O seu pensamento sobre a crise da política tem como um dos eixos a questão judaica, esta retratada pela figura do judeu parvenu que busca na assimilação a forma de se sentir pertencente a sociedade, isto é, seria a fuga de sua condição de judeu. Contudo, este acabou por esquecer de seus direitos políticos, ao mesmo tempo que perde a noção da primazia da política, em detrimento das questões econômicas, ou seja, a necessidade acaba por suplantar a liberdade, sendo esse o problema crucial na modernidade política, segundo Arendt. O pária rebelde emerge como figura central em oposição ao parvenu, uma vez que ele busca reconciliar-se com o mundo do qual foi privado de sua liberdade devido a sua condição de judeu, enquanto a saída encontrada pelo parvenu foi, não a reconciliação com o mundo, mas a assimilação. Portanto, o pensar arendtiano sobre a questão do pária está contido na busca pelo entendimento dos elementos que levaram ao surgimento do problema judaico, do qual a autora o identifica como seu, pois como apátrida e judia, sofreu com o exílio e a perseguição contra os judeus, todavia, resistiu à assimilação e assumiu sua condição de pária rebelde no mundo. Assim, entendemos que na filosofia política de Arendt situa-se o pensar sobre a crise da política na modernidade, tendo o pária rebelde como exemplificação de uma retomada do espaço público, isto é, do verdadeiro sentido da política. Dito isto, teremos como principal metodologia, a exegese das principais obras de Arendt que abordam essa temática, sobretudo os Escritos Judaicos.