O presente trabalho ambiciona estudar a relação entre palavra e música, na expressão filosófica de Nietzsche, entendida enquanto “vida”, apta a compatibilizar filosofia, poesia, literatura e música, num mesmo corpo verbal. Para tanto, empreendendo-se uma genealogia da escrita do filósofo em questão, pretende-se focar na reflexão feita por Nietzsche, na obra O Nascimento da Tragédia, acreditando-se que as perquirições presentes neste livro, possam ser a chave de compreensão do pensamento de Nietzsche, o qual teria permanecido fortemente marcada pela temática dos primeiros anos de produção, não obstante o rompimento com Wagner e Schopenhauer, influências que, a despeito da contraposição temática, posterior aos escritos de juventude, subsistiriam enquanto força estilística, sobretudo, em razão da preponderância do pensamento musical de Nietzsche sobre o estilo deste, havendo uma intrínseca relação entre forma e conteúdo, constituindo o entendimento das questões afeitas ao estilo um pressuposto de compreensão da filosofia nietzschiana, forma de expressão única na história do pensamento ocidental, através da qual aquele teria se posicionado contra a absolutização dos conceitos filosóficos, alinhando-se a um modo experimental de filosofia, gestado na tensão entre arte e vida.