Introdução: O excesso de peso está se tornando cada vez mais prevalente globalmente, afetando todas as faixas etárias e condições socioeconômicas. Essa condição, provoca sérios problemas de saúde e representa um desafio significativo para a saúde pública em todo o mundo. Além disso, a pandemia da COVID-19 pode ter aumentado ainda mais essa situação, devido às restrições sanitárias implementadas. Dado o aumento da prevalência de excesso de peso entre crianças e adolescentes juntamente com o crescente consumo de alimentos ultraprocessados e a adoção de medidas restritivas que foram realizadas para combater o avanço da pandemia da COVID-19, torna-se essencial intervir na prevenção da obesidade ao abordar seus fatores de risco. Objetivo: analisar o excesso de peso e fatores associados em crianças e adolescentes durante a pandemia da COVID-19 no Piauí, Brasil. Métodos: Estudo transversal, analítico, de base populacional domiciliar e abordagem quantitativa, realizada por meio de um inquérito sorológico no Piauí, denominada EpiCOVID-Piauí no período de março a novembro de 2022. A amostra foi 314 crianças e adolescentes de 5 a 19 anos. Foram investigadas variáveis sociodemográficas, econômicas, situação de saúde, consumo alimentar e estilo de vida. As entrevistas foram realizadas durante visitas a domicílios sorteados, utilizando um formulário digital padronizado com o programa EpiCollect5. Foram calculadas frequências ponderadas, prevalências, razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) por meio uma regressão Logística, com correção robusta da variância. A diferença entre os sexos foi avaliada através do teste de qui-quadrado (χ2) de Pearson ajustado Rao-Scott. O limiar de significância adotado foi de 5%. As análises foram realizadas no programa Statistical Package for Social Science, versão 20.0, no módulo svy. A pesquisa seguiu todas as recomendações éticas e houve aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa (nº. 4.644.991). Resultados: A prevalência de excesso de peso foi de 34,1%, compreendendo 12,2% de casos de sobrepeso e 21,9% de casos de obesidade, sendo maior no sexo masculino (38,4%) do que o sexo feminino (30,6%). O excesso de peso foi associado à idade de 5 a 9 anos no sexo feminino (RP=14,66; IC95%=2,84 - 75,54), idade entre 5 a 9 anos no sexo masculino (RP=17,08; IC95%=2,66 - 109,93), 10 a 14 anos no sexo masculino (RP=8,14; IC95%=2,07 - 32,08). A prevalência de excesso de peso foi associada ao nível de escolaridade mais baixo 94,5 (OC95%61,2 - 99,5). Não houve diferenças significativas em relação à cor da pele, infecção da COVID-19 e consumo de frutas, legumes, verduras, alimentos enlatados, processados ou congelados. Conclusão: O excesso de peso é mais comum em crianças de 5 a 9 anos do que em adolescentes de 15 a 19 anos e está associado a níveis mais baixos de escolaridade. O sexo, cor da pele, consumo alimentar e COVID-19 não tiveram impacto significativo. Esses resultados destacam a necessidade de estratégias de prevenção e mais pesquisas sobre o excesso de peso.