Introdução: O excesso de peso está se tornando cada vez mais prevalente globalmente, afetando todas as faixas etárias e condições socioeconômicas. Essa condição, embora não seja uma infecção, provoca sérios problemas de saúde e representa um desafio significativo para a saúde pública em todo o mundo. Além disso, a pandemia da COVID-19 exacerbou ainda mais essa situação, devido às restrições sanitárias implementadas. Dado o aumento da frequência de excesso de peso e obesidade entre crianças e adolescentes, juntamente com o crescente consumo de alimentos ultraprocessados e os impactos da modernização impulsionada pelos avanços tecnológicos, torna-se essencial intervir na prevenção da obesidade ao abordar seus fatores de risco. Objetivo: analisar a prevalência de excesso de peso e fatores associados em crianças e adolescentes de 5 a 19 anos durante a pandemia da COVID-19 no Estado do Piauí, Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, analítico, de base populacional domiciliar e abordagem quantitativa, realizada por meio de um inquérito sorológico no Piauí, denominada EpiCOVID-Piauí. A amostra foi 314 crianças e adolescentes de 5 a 19 anos. Foram investigadas variáveis sociodemográficas, econômicas, situação de saúde, consumo alimentar e estilo de vida. As entrevistas foram realizadas durante visitas a domicílios sorteados, utilizando um formulário digital padronizado com o programa EpiCollect5. As variáveis relacionadas ao desfecho de excesso de peso foram examinadas utilizando razões de prevalência brutas (RPB) e ajustadas (RPA) no contexto de uma regressão de Poisson, com correção robusta da variância e respectivos intervalos de confiança de 95%, e significância estatística fixada em p<0,05. As análises foram realizadas no software Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 20.0, com nível de significância estabelecido. A diferença entre os sexos foi avaliada através do teste de qui-quadrado (χ2). Resultados: A prevalência de excesso de peso foi de 30,4%, compreendendo 19,4% de casos de sobrepeso e 11,0% de casos de obesidade. A prevalência de excesso de peso foi maior entre meninos do que entre meninas. Em relação a proporção de dias em que frutas, legumes e verduras são consumidos é semelhante entre meninos e meninas. O consumo de alimentos menos nutritivos também é equilibrado, com 49,3% das mulheres ingerindo-os por 5 dias ou mais, enquanto 60,4% dos meninos os consomem até 4 dias na semana. A infecção confirmada por COVID-19 foi baixa entre crianças e adolescentes, com 10,5% dos meninos e 16,4% das meninas testando positivo. Quanto à escolaridade, o ensino fundamental é predominante entre ambos os sexos. A prevalência de excesso de peso foi maior entre brancos e nas faixas de renda superior a R$ 12.120,00. Conclusão: A prevalência de excesso de peso foi maior no sexo masculino e menor entre pessoas com maior escolaridade. Não foram observadas diferenças significativas em relação à cor da pele, renda domiciliar, infecção da COVID-19 e consumo de frutas, legumes, verduras, alimentos enlatados, processados ou congelados.