Introdução: O Acidente Vascular Cerebral é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, representa a segunda principal de causa de morte e a terceira por incapacidade funcional. O cuidado após a alta hospitalar exige a presença de um cuidador, geralmente informal, representado por cônjuges, filhos e outros membros da família, que desempenha papel fundamental no atendimento de necessidades humanas básicas e no processo de reabilitação do sobrevivente. O cuidador informal é definido como indivíduo que não tem formação profissional e presta assistência a um conhecido ou algum membro da família, como cônjuge, pais ou filhos. A sobrecarga de trabalho e a saúde mental resultam na relevância desta pesquisa. Desse modo, a Atenção Primária a Saúde (APS), necessita definir e implementar estratégias de saúde para os cuidadores informais, minimizando os efeitos da sobrecarga e saúde mental. Objetivo: avaliar a saúde mental e a sobrecarga de trabalho de cuidadores informais de sobreviventes de AVC. Metodologia: Trata-se de um estudo de métodos mistos, do tipo convergente, com coleta de dados concomitante, onde os dados quantitativos e qualitativos foram coletados simultaneamente, havendo destaque igual a ambos os conjunto de dados. E, no final, aproximam-se nos achados e conclusões, não tendo necessariamente uma abordagem dominante. Essa interpretação pode ser realizada à medida em que o objeto do estudo adotado permita o olhar sob a ótica quantitativa e qualitativa, justificando a abordagem de que a interação entre eles fornece melhores possibilidades analíticas. A população do estudo, foram os cuidadores informais de pacientes sobreviventes de AVC, com uma amostra de 76 participantes. A parte qualitativa, foram conduzidas atravéis de entrevistas semiestruturadas individuais foi estabelecido por meio de saturação teórica dos dados, assim, as coletas interromperam-se com o alcance de 11 entrevistas. Para investigar o sofrimento mental utilizou-se o instrumento Self Reported Questionnaire (SRQ-20). E para investigar a sobrecarga de trabalho utilizou-se o instrumento de Zarit que avalia a sobrecarga do cuidador de pessoas com alguma enfermidade. O estudo obteve a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, parecer nº 5.981.191. Resultados: A perfil dos cuidadores informais de pacientes sobreviventes de AVC, verifica-se que 63,2% tinham entre 20 a 59, 60,5%, tinha companheiro, 72,4% não alfabetizadas e 69,7% não tinha ocupação, recebe renda a ser cuidador, apenas 2,6%, 85,5% reside no mesmo endereço do paciente, 23,7% exerce alguma profissão além de ser cuidado, 97,4% possui algum parentesco com o paciente, 52,6%, relataram renda individual mensal ≥1 salários mínimos, 53,9% dos cuidadores possuem alguma comorbidade e 52,6% faz uso de algum medicamento. Quando analisada a associação de dados sociodemográfico com os resultados do sofrimento mental (SRQ-20) e da sobrecarga (Zarit) não foi observada nenhuma associação entre as variáveis. A caracterização do perfil sociodemográficos dos pacientes que são cuidados pelos cuidadores observou-se que tem predominância da faixa etária acima de 60 anos com 94,5%; do sexo masculino que corresponde 76,8%; raça/cor negra com 58,3%; que não tenham companheiro 58,3%; não alfabetizado com 88,2%; que não tinham ocupação com 97,2%; que tinham aposentadoria e/ou benefício antes do AVC com 60,8%; e com renda superior à um salário mínimo 95,9%. O paciente não ter sido alfabetizado foi a variável que manteve associação com o sofrimento mental (p=0,04). Não foram observadas associações com a sobrecarga. A caracterização clínica dos pacientes que tiveram AVC. A parte qualitativa do estudo, foi dividido em categorias, onde a primeira descreve o trabalho habitual do cuidador informal, onde as falas diz o seguinte: “Eu acordo cedinho, pra fazer o café, porque meus filhos estudam de manhã, depois eu começo a labuta do dia, coloco ele pra sentar e depois tiro a fralda dele...” [MMS_001], Na categoria efeitos na vida do cuidador informal: “É muito estresse, eu fico muito cansada e as vezes eu preciso é de alguém que cuide de mim também, eu fico com a coluna doendo e as vezes pra dormir eu preciso tomar remédio porque sinto dor.” [MMS_001], “É difícil cuidar dele porque eu não aguento, então pra mim é difícil, é um sofrimento.”[MMS_004]. Na última categoria, aborda as redes de estratégia de cuidado: “A maioria do tempo é eu sozinha que cuida, é muito difícil, mas é um serviço que tenho que fazer, porque ele é meu pai...” [MMS_001]. Conclusão: Evidenciou-se, ligeira sobrecarga na maioria dos cuidadores e os domínios na esfera biopsicossocial foram as mais afetadas, evidenciando questões físicas e emocionais foram as fragilidades mais presentes. Desta forma, a AB devem propor ações voltados para essa população, com vistas a redução dos níveis de sobrecarga e consequentemente a qualidade de vida.