INTRODUÇÃO: O comportamento alimentar inadequado é um dos principais agentes
etiológicos para a síndrome metabólica (SM). O risco maior de desenvolver SM está associado
a uma ingestão excessiva de gorduras saturadas, carboidratos simples, açúcares, sódio, os quais
estão presentes nos alimentos ultraprocessados (AUP). Em contrapartida, uma dieta rica em
alimentos in natura e minimante processados atua de forma benéfica nessa patogênese.
OBJETIVO: Verificar a associação entre consumo de alimentos in natura/minimamente
processados e ultraprocessados com a síndrome metabólica em adultos e idosos.
METODOLOGIA: Estudo de natureza transversal, de base populacional e domiciliar,
realizado com a subamostra do ISAD – PI. Participaram deste estudo 262 indivíduos com idade
≥ 20 anos, de ambos os sexos residentes em Teresina (PI). Foram investigados dados
demográficos, socioeconômicos e de estilo de vida, por meio de questionários estruturados.
Foram coletados dados antropométricos, bioquímicos e de pressão arterial. Os dados de
consumo alimentar foram obtidos por meio da aplicação de Recordatório 24 horas. O
diagnóstico de SM foi realizado conforme os critérios do National Cholesterol Education
Program Adult Treatment Panel III. O teste do qui-quadrado e a regressão de Poisson, expressa
em Razão de Prevalência (RP), foram utilizados para verificar as associações. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (no 2.552.426). RESULTADOS: Dos 262
participantes, 100 indivíduos possuíam de 20 a 39 anos e 162 com ≥ 40 anos, sendo a maior
parte do sexo feminino (72,5%). Em relação ao diagnóstico da SM e seus componentes, houve
diferença significativa para o diagnóstico (p=0,0001), glicemia em jejum (p<0,001), pressão
arterial (PA) (p=0,0001) e circunferência da cintura (CC) (p=0,0001) entre os diferentes grupos
de faixa etária. Em que indivíduos de ≥ 40 anos possuíam maior prevalência do diagnóstico de
SM (54,3%), estavam com maior CC (50,6%) e PA (54,9%). A ingestão calórica de AUP foi
de 20% das calorias totais. Houve diferença significativa na contribuição no valor energético
total de alimentos in natura/minimamente processados (p=0,02) e AUP (p=0,007) entre os
indivíduos de 20 a 39 anos e os de ≥ 40 anos ou mais, e ainda, a ingestão energética total de
AUP foi maior entre o grupo mais jovem (24,4%). Verificou-se que indivíduos com ≥ 40 anos
apresentaram 35% maior prevalência de SM, enquanto que, os que consumiam quantidades de
alimentos in natura/ minimamente processados tinham proteção de 34% para o diagnóstico de
SM. CONCLUSÃO: A prevalência de SM no municipio foi elevada e mais comum em
individuos de maior faixa etária. O maior consumo de AUP e alimentos in natura/minimamente
processados encontra-se associado a individuos com maior e menor risco de diagnóstico da SM,
respectivamente. Desse modo, ressalta-se a importância de monitorar esse consumo, estimular
a criação de politicas públicas que desestimulem o seu uso, através da disseminação de
informações sobre seu conteúdo e conscientização para adoção de estilo de vida mais saudável,
visando tratamento e prevenção das DCNT e melhora na qualidade de vida.