Introdução: A depressão antenatal (DPAN) é o transtorno psiquiátrico mais comum durante a gravidez, podendo levar a desfechos negativos como trabalho de parto prematuro, aborto espontâneo e baixo peso ao nascer. A violência por parceiro íntimo durante a gravidez (VPIG) pode causar resultados negativos na saúde mental, prejudicando a qualidade de vida e práticas saudáveis durante a gestação de adolescentes. Objetivos: Analisar a DPAN e a VPIG entre adolescentes escolares. Métodos: Trata-se de pesquisa observacional, transversal e analítica, com abordagem quantitativa. A amostra foi composta por adolescentes grávidas entre 10 e 19 anos, matriculadas em escolas municipais ou estaduais de Teresina. Realizou-se entrevista estruturada, com perguntas sobre aspectos sociodemográficos, comportamentos relacionados à saúde, histórico de violência, características obstétricas da mulher e da relação conjugal, assim como variáveis sobre o parceiro íntimo. O instrumento World Health Organization Violence Against Women Study foi empregado para avaliar a VPIG e a Escala de Depressão Pós-Natal de Edimburgo para avaliar a DPAN. Para testar a associação entre as variáveis independentes e DPAN foi realizada análise bivariada por meio dos testes qui-quadrado de Pearson e/ou exato de Fisher, com cálculo de odds ratios brutos (ORbr) e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: Foram entrevistadas 187 adolescentes, sendo a prevalência do risco de DPAN de 47,5%. A VIPG foi relatada por 31% das adolescentes, sendo a violência psicológica a mais comum (29,4%). Evidenciou-se maior chance de DPAN entre adolescentes que não tinham parceiro (ORbr=4,18; IC95% 2,23–7,83), que moravam com a família (ORbr=4,83; IC95% 2,14-10,90), que tinham antecedentes de doença mental anterior à gestação (ORbr=3,82; IC95% 1,77-8,24), cuja gravidez não foi planejada (ORbr=3,52; IC95% 1,24-10,00) ou foi indesejada (ORbr=6,51; IC95% 2,89-14,61), que sofreram VPIG (ORbr=17,44; IC95% 7,26–41,89), que vivenciaram violência psicológica por parceiro íntimo (ORbr=149,65; IC95% 19,94-1123,02), que relataram comunicação ruim com o parceiro (ORbr=8,19; IC95% 3,22-20,85) e cujos parceiros íntimos consumiam cigarro (ORbr=2,63; IC95% 1,31-5,27). Conclusões: A prevalência de DPAN foi alta entre as adolescentes entrevistadas, apresentando associação com VPIG e fatores sociodemográficos, obstétricos, comportamentais do parceiro e características da relação conjugal. Tais dados suscitam a importância de intervenções desenvolvidas por gestores, profissionais de saúde e familiares direcionadas à promoção da saúde mental das adolescentes para contribuir de forma mais eficaz no combate à depressão antes, durante e após a gravidez.