Introdução: A autolesão não suicida é definida como a destruição deliberada e auto infligida de tecido corporal que não é socialmente sancionada e sem intenção suicida. No Brasil existem poucos estudos sobre o tema que é agravado pela falta de instrumentos de medida com evidências de validade. O Inventory of Statements About Self-injury (ISAS) é um instrumento criado e validado no Canadá que objetiva o rastreio desse fenômeno e identifica a tipificação dele. O ISAS ainda não foi adaptado para o
português e tão pouco teve suas propriedades psicométricas avaliadas para utilização no Brasil. Objetivo: Adaptar transculturalmente o Inventory of Statements About Self-Injury (ISAS) para o português do Brasil. Métodos: Estudo metodológico de adaptação transcultural realizado através de 6 etapas. A tradução e retrotradução foi realizada por 4 tradutores bilíngues de forma independente. A síntese da tradução foi realizada pela autora utilizando critérios de padronização e adequação. A síntese da retrotradução foi realizada em consonância com tradutores e pesquisadora. As evidências de validade de conteúdo foram obtidas por meio de um comitê formado por 19 especialistas. Foram verificadas as equivalências: de conteúdo semântica e idiomática, cultural e conceitual seguindo dos critérios de Hambleton e Zeninsky (2010). O número de juízes que participaram desse estudo (n=19), o item foi considerado “essencial” e sem a necessidade de revisão ou mudança quando atingiu CVR>0,474. A análise semântica do instrumento adaptado foi realizada por meio do pré-teste com 30 universitários em
ambiente virtual utilizando o método de sondagem e codificação de resposta através de uma escala likert. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí no parecer 4.347.886. Resultados: A síntese das traduções se deu com a padronização do termo autolesão não suicida, e a padronização dos gerúndios em 12 itens. A adequação de sinônimos em 3 itens e uma adequação de comando. Na análise de conteúdo os 6 itens que obtiveram CRV >0,474, foram
modificados. As equivalências semântica e idiomática, cultural e conceitual os índices de concordância foram superiores a 47%. No pré-teste os graus médios de compreensão verbal demonstram valores médios superiores a 4,30, com índice de compreensão global de 4,98. Foram modificados 2 itens com sugestões dos universitários. A versão brasileira do ISAS (ISAS-BR) foi encaminhada ao autor original do instrumento. Conclusão: A adaptação transcultural foi realizada adequadamente e possibilitou a criação do ISAS-BR que pode gerar parâmetros investigativos futuros relacionados ao tema da autolesão não suicida no Brasil. Posteriormente será realizado pré-teste de forma virtual e a validação das propriedades psicométricas do ISAS –BR.