Introdução: Os transtornos mentais comuns (TMC) são um conjunto de sintomas não psicóticos caracterizados por insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas. Alguns estudos mostram que os hábitos alimentares são fatores importantes que podem contribuir para a incidência desses transtornos ou auxiliar na sua prevenção. Objetivo: Analisar a prevalência de transtornos mentais comuns e sua associação com o consumo alimentar em adultos e idosos. Metodologia: Estudo transversal, de base populacional, realizado em adultos e idosos (n=1568), residentes em Teresina e Picos (Piauí). Coletaram-se dados demográficos, socioeconômicos, de hábitos de saúde, antropométricos e de consumo alimentar. A presença de TMC foi avaliada por meio de aplicação do Self Reporting Questionnaire (SRQ-20). O teste qui-quadrado foi utilizado para verificar a associação entre o TMC e as variáveis explanatórias. A magnitude da associação entre TMC e o consumo alimentar, foi obtida por meio da regressão de Poisson, com ajuste de variância robusto, para análise bruta e ajustada. O nível de significância considerado foi de p < 0,05. Resultados: A prevalência de TMC entre os participantes foi de 27,5%, sendo significativamente maior entre as mulheres (p=0,001). Participantes separados e viúvos (p=0,023) e entre os que não exerciam atividade remunerada (p=0,01) apresentaram significativamente mais transtorno quando comparados às demais categorias. Em relação aos hábitos de saúde, houve associação significativa entre a presença de TMC e os parâmetros de utilização de Estratégia Saúde da Família - ESF (p=0,001), o consumo de álcool (p=0,001) e o tabagismo (p=0,049). A ausência do consumo de carne vermelha (p=0,001), peixe (p=0,007), salada crua (p=0,033) e suco de fruta natural (p=0,036) estiveram associados à presença de TMC. Na análise ajustada observou-se que todas as associações foram mantidas, notou-se após o ajuste que aqueles que consomem carne vermelha apresentaram prevalência menor de 30% de comparado aqueles que não consumiam (RP=0,70). O consumo de peixe também indicou proteção após ajuste, com prevalência menor em 22% de TMC em relação aos que não consumiam esse alimento. Além disso, o consumo de salada crua e suco de fruta natural demonstraram uma prevalência menor de 20% e 15% de TMC respectivamente, (RP=0,80) e (RP =0,85). Conclusão: O estudo mostrou que quase um terço da população adulta e idosa de Teresina e Picos possuem transtornos mentais comuns, sendo mais prevalente no sexo feminino, naqueles indivíduos separados ou viúvos, tabagistas e etilistas, com menor escolaridade, sem atividade remunerada e que utilizam a ESF. Ademais os TMC foram menos prevalentes entre os indivíduos que informaram consumir alimentos saudáveis, demonstrando a importância da dieta para a saúde mental ao longo da vida e corroboram algumas evidências estabelecidas que apoiem fortemente uma abordagem dietética para a prevenção e tratamento de transtornos mentais.