Introdução: Hábitos e comportamentos prejudiciais à saúde cardiovascular presentes na infância, representam um relevante problema de saúde pública, haja vista que se associam ao risco aumentado para surgimento precoce de comorbidades e ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares fatais na vida adulta. Acredita-se que o conhecimento de crianças sobre hábitos saudáveis e comportamentos de risco cardiovascular, pode contribuir para a incorporação de boas práticas de saúde que se prolongam por toda vida, contudo investigações dessa natureza ainda são limitadas. Objetivo: Avaliar o conhecimento objetivo, percebido e confiante sobre hábitos saudáveis e comportamentos de risco à saúde cardiovascular entre escolares. Métodos: Estudo transversal, realizado com 397 escolares na faixa etária de 7 a 11 anos, matriculados em escolas contempladas com o Programa Saúde na Escola, no município de Teresina, Piauí, Brasil. O conhecimento objetivo foi avaliado utilizando-se o questionário CardioKids e o percebido utilizando-se uma escala pictórica do tipo Likert com quatro opções de resposta (nada confiante a muito confiante). O conhecimento confiante foi obtido a partir da multiplicação do escore do conhecimento objetivo pelo conhecimento percebido informado em cada item. Utilizou-se o modelo de Regressão de Poisson na análise multivariada com nível de significância de 5% (p˂0,05), sendo que o critério para inclusão das variáveis nesse modelo foi a associação ao nível de 20% (p˂0,20) na análise bivariada. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer nº. 2.308.923.Resultados: Os escolares apresentaram elevado conhecimento objetivo e percebido com percentual médio total de acerto de 84,3% e de confiança de 84,9%. O conhecimento confiante apresentou-se inferior com média percentual total de 74,1% de confiança nas respostas corretas. A análise bivariada mostrou associação entre o menor conhecimento confiante e ter idade de 7 a 8 anos (p<0,001), escolaridade materna até o ensino fundamental incompleto (p=0,005), estudar nas séries 1º, 2º e 3º ano (p<0,001) do ensino fundamental, em escolas de tempo integral (manhã e tarde) (p<0,001) e realizar atividades complementares na escola (p=0,029). Na análise multivariada, o menor conhecimento confiante prevaleceu apenas entre os que estudavam da 1ª à 3ª séries (RP = 2,069; IC95%: 1,063-4,027). Conclusões: Verificou-se que os escolares apresentaram elevado nível global de conhecimento objetivo e percebido sobre hábitos saudáveis e comportamentos de risco à saúde cardiovascular, contudo ao avaliar o conhecimento confiante percebe-se uma deficiência em itens sobre hábitos e comportamentos que são prejudiciais à saúde cardiovascular, o que pode ter contribuído com a manutenção desses comportamentos por parte dessa população. Dessa maneira, sugere-se repensar iniciativas de educação em saúde cardiovascular no contexto escolar a fim de contribuir para que escolares, especialmente de séries iniciais, se apropriem de saberes que conduzam a mudanças de comportamentos, bem como à promoção da saúde cardiovascular dessa população.