O pé diabético está entre as complicações mais frequentes do diabetes e suas consequências podem ser traumáticas à vida do indivíduo, desde feridas crônicas e infecções, até amputações de membros inferiores. Nesse contexto, o enfermeiro tem papel indispensável na educação e prevenção para o pé diabético, que implicam na redução de amputações e aumento da qualidade de vida. Porém, percebe-se que estas ações não têm sido desenvolvidas no cotidiano, e um dos motivos é o desconhecimento dos cuidados na avaliação dos pés. Assim, é essencial que os enfermeiros ampliem seu conhecimento e atenção para o cuidado à pessoa com diabetes. O estudo objetivou avaliar o conhecimento do enfermeiro acerca dos cuidados com o pé da pessoa com diabetes na Estratégia Saúde da Família. Trata-se de estudo transversal, realizado no período de agosto a dezembro de 2017, nas Unidades Básica de Saúde de Teresina-PI. Participaram da pesquisa 90 enfermeiros. A coleta de dados foi realizada utilizando um questionário, composto por itens que avaliaram os dados socioeconômicos, perfil profissional e o conhecimento acerca da prevenção do pé diabético (exame físico dos pés, instrumentos para avaliação, e classificação do pé diabético). Os itens de avaliação do conhecimento foram elaborados por meio das orientações e cuidados preconizados pelos manuais do Ministério da Saúde e Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. Para a análise estatística, utilizou-se o livre R, versão 3.4.0. Os testes aplicados foram os não-paramétricos, U de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, e ρ de Spearman. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com o parecer nº 2.075.935. Acerca da autoavaliação do conhecimento, identificou-se que 48,9% dos enfermeiros o consideravam regular. Ao analisar os itens sobre a prevenção do pé diabético, verificou-se uma média de 72,2 pontos, apresentando melhor desempenho para os itens acerca dos instrumentos de avaliação (monofilamento, com 74,9 pontos) e classificação do pé diabético (pé neuropático, com 90,4 pontos), e menor desempenho para exame físico dos pés (66,0 pontos). Quanto a classificação do conhecimento, os profissionais apresentaram conhecimento insatisfatório (45,6%), e conflitante (54,4%). Os enfermeiros formados em instituições privadas apresentaram maior conhecimento sobre cuidados preventivos (p=0,011), utilizavam protocolo para avaliação dos pés (p=0,018) e consideravam seu conhecimento muito bom (p=0,007). Foi observada correlação negativa entre a pontuação e as variáveis idade, tempo de formação e serviço, destacando-se que quanto maior era a idade e o tempo, menor era a pontuação obtida nas questões de conhecimento, enfatizando que os profissionais investigados têm que avançar na busca por conhecimento e capacitação para os cuidados e avaliação do pé diabético. Portanto, identificou-se que o conhecimento dos enfermeiros da atenção primária, foi insatisfatório para os cuidados com o pé diabético. Assim, os profissionais necessitam de capacitação e/ou treinamento contínuo, para tornar as medidas preventivas mais eficazes e rotineiras na atenção primária, proporcionando melhor atendimento quanto a avaliação dos pés, e promovendo uma assistência de qualidade que estimule o autocuidado das pessoas com diabetes.