INTRODUÇÃO: O hábito de consumir álcool e cigarro na gravidez constitui um problema de saúde pública, uma vez que pode levar ao comprometimento, muitas vezes irreversível, à saúde da mulher e do feto. Acredita-se que a intencionalidade da gravidez pode influenciar o comportamento materno em relação à manutenção desses hábitos durante a gestação. OBJETIVO: Analisar o impacto da intenção de engravidar no consumo de cigarro e álcool por gestantes no Nordeste brasileiro. METODOLOGIA: Estudo transversal realizado com 5.563 puérperas e seus conceptos na região Nordeste do Brasil, selecionadas por amostragem probabilística. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista, a partir de formulário eletrônico pré-testado, e consulta ao prontuário hospitalar. Realizou-se análises univariadas, por meio de estatística descritiva; bivariada utilizando-se o teste qui-quadrado de Pearson; e multivariada , por meio de Regressão Logística Múltipla, ajustada pelo Método Enter, cuja eficiência foi verificada pelos testes de muticolinearidade de Hosmer e Lemeshow.RESULTADOS: Houve um predomínio de puérperas com idade na faixa etária de 20 a 34 anos (68,0%), de cor não branca (80,2%), escolaridade até o ensino fundamental (59,2%), vivendo com o companheiro (83,0%), e sem trabalho remunerado (68,4%). Prevaleceram participantes multíparas (51,8%), com aborto anterior (31,6%), que referiram gravidez em momento inoportuno (55,2%) e satisfação ao tomarem conhecimento da gestação (69,4%). A maioria realizou pré-natal (98,5%), em serviço público (75,2%), comparecendo a seis ou mais consultas (71,4%). A análise multivariada indicou maior propensão para consumo de álcool e cigarro durante a gestação em puérperas que não queriam engravidar (p=0,048), queriam esperar mais tempo para engravidar (p=0,048), se declaram insatisfeitas ao saberem da gravidez (p=0,001) e tentaram interromper a gravidez (p<0,001). CONCLUSÃO: O hábito de consumir álcool e cigarro durante a gestação foi influenciado pela intencionalidade da gravidez Os achados evidenciaram a necessidade de melhorias na qualidade dos serviços de planejamento familiar, a fim de contribuir para que as mulheres mudem sua percepção de risco e, portanto, seu comportamento, adotando medidas de prevenção às gravidezes não intencionais e aos desfechos desfavoráveis decorrentes do consumo de consumo de cigarro e álcool.