Introdução: o elevado consumo de alimentos e bebidas ultraprocessados estão associados ao aumento de prevalências de doenças crônicas não-transmissíveis, como as dislipidemias. Objetivo: analisar a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e parâmetros lipídicas em adolescentes. Metodologia: estudo transversal realizado com adolescentes de ensino médio, matriculados em escolas da rede pública estadual e particular de Teresina-PI. A amostragem foi do tipo estratificada proporcional ao sexo e idade dos adolescentes, resultando em 327 alunos. O consumo alimentar foi analisado por meio da aplicação de um recordatórios alimentares de 24h, com replicação em 40% da amostra. Os alimentos ultraprocessados (AUP) foram identificados de acordo com a classificação NOVA de alimentos. As concentrações de colesterol total, HDL-c e triglicérides, foram determinados por colorimetria enzimática, enquanto que a fração de LDL-c foi estimado por fórmula. Para análise estatística foi utilizado o programa SPSS (for Windows® versão 22.0), utilizando-se o teste t de Stundent ou Mann-Whitney para comparação de médias e regressão linear para realizar associações brutas e ajustadas (por sexo, idade, renda familiar e tipo de escola) entre as variáveis. O nível de significância adotado foi de p<0,05. Resultados: O consumo de AUP foi mais frequente entre os adolescentes do sexo feminino com idade entre 17 a 19 anos, com renda familiar superior a dois salários mínimos e estudantes de escola particular. Após distribuição do consumo de AUP por tercil, nota-se que os indivíduos no maior tercil de consumo apresentaram maior ingestão energética, de carboidratos e sódio, enquanto a ingestão de proteínas e fibras alimentares foram menores, quando comparados ao primeiro tercil de consumo. No que se refere aos parâmetros lipídicos, observou-se que o maior consumo de AUP foi associado negativamente aos níveis de HDL-C e positivamente aos níveis de triglicerídeos, consequentemente foi associado a presença de dislipidemia. Conclusão: Os alimentos ultraprocessados influenciam negativamente a alimentação de adolescentes, promovendo uma piora no perfil nutricional da dieta e ainda contribuem para alterações negativas nos parâmetros lipídicos dessa população. Sugere-se maior acompanhamento e planejamento no programa alimentar desses jovens, com redução do consumo de alimentos ultraprocessados e maior incremento no consumo de frutas, verduras e cereais integrais.