INTRODUÇÂO: A amamentação na primeira hora pós-parto constitui indicador de excelência para o monitoramento das práticas de aleitamento materno, fundamental para a redução da morbimortalidade neonatal e estabelecimento da amamentação. Acredita-se que a intencionalidade da gravidez pode afetar o comportamento materno em relação ao início da amamentação no pós-parto imediato. OBJETIVO: Analisar os preditores e repercussão da intenção de engravidar na amamentação na primeira hora pós-parto. METODOLOGIA: Estudo transversal realizado com 5.563 puérperas e seus conceptos na região Nordeste do Brasil, selecionadas por amostragem probabilística. Realizou-se análises univariadas, por meio de estatística descritiva; bivariada, utilizando-se o teste quiquadrado de Pearson; e multivariada, por meio de Regressão Logística Múltipla com nível de significância de 5% (p˂0,05). RESULTADOS: Predominaram puérperas com idade na faixa 20 a 34 anos (68,0%), escolaridade até o ensino fundamental (59,2%), vivendo com companheiro (83,0%) e sem trabalho remunerado (68,4%). A maioria dos partos ocorreram em estabelecimentos públicos ou conveniados ao SUS (86,7%), não credenciados à IHAC (60,3%). Prevaleceram participantes primíparas (48,2%), que referiram gravidez em momento oportuno (44,8%) e satisfação ao tomarem conhecimento da gestação (69,4%). A maioria realizou pré-natal (98,5%), teve parto cesariana (50,3%), não teve contato pele a pele com o recém-nascido no pós-parto imediato (74,2%), o tempo de separação mãe e filho foi superior à primeira hora pós-parto (61,7%) e permaneceram em alojamento conjunto (63,4%). A análise multivariada indicou menor propensão para início da amamentação na primeira hora de vida em puérperas que pariram em hospitais privados (p=0,001), não queriam engravidar (p=0,048), queriam esperar mais tempo para engravidar (p=0,048), se declararam insatisfeitas ao saberem da gravidez (p=0,039), realizaram cesariana (p<0,001), não tiveram contato com os recém-nascidos no pós-parto imediato (p=0,001) e o tempo de separação entre mãe e filho ultrapassou a primeira hora após o nascimento (p<0,001). CONCLUSÃO: A amamentação na primeira hora de vida foi afetada pela intencionalidade da gravidez, bem como por aspectos relacionados aos estabelecimentos de saúde, paridade, tipo de parto, assistência pré-natal e ao nascimento. Os resultados evidenciaram que falhas no planejamento familiar refletiram negativamente na amamentação. Portanto, há a necessidade de melhorias na qualidade dos serviços de planejamento familiar, a fim de contribuir para a redução de desfechos desfavoráveis para a saúde materno-infantil como o início tardio da amamentação.