Introdução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma doença de grande relevância pública, frequentemente está associada a distúrbios metabólicos, podendo esta ser agravada pela presença de outros fatores, dentre eles psicológicos, sociais, comportamentais e relacionais. Nesse sentido a rede social na qual essas pessoas estão inseridas e o suporte percebido por elas, também podem influenciar no seguimento do tratamento. Desse modo, é válido o uso de instrumentos que se proponham avaliar o suporte social no contexto de pessoas com HAS, porém instrumentos que tenham passado por algum processo de validação e que possam comprovar sua utilização como ferramenta de pesquisa. Embora os instrumentos tenham suas propriedades analisadas para determinado público, eles podem não apresentar aspectos de confiabilidade e/ou validade quando aplicados em outros contextos que não o seu originalmente delineado. Objetivo: Avaliar as propriedades psicométricas da Escala Multidimensional de Suporte Social Percebido- EMSSP em pessoas com HAS. Método: Trata-se de um estudo transversal ancorado na psicometria, que buscou verificar as propriedades da EMSSP. A análise psicométrica foi realizada através da verificação da confiabilidade e validade de construto com ênfase na análise confirmatória e exploratória. Resultados: A EMSSP foi aplicada em uma amostra de pessoas com hipertensão entre 31 e 97 anos, com média de 65,67 anos de idade. Houve uma predominância do sexo feminino 78,4%, Quanto à raça/cor da pele consideraram-se pardos 50,3%, pretos 28,8% seguidos por aqueles que se autodeclararam brancos 16,4%, amarelos ou indígenas 4,5%, dos indivíduos entrevistados possuíam ensino fundamental 51,7%, analfabetos 34,4%, ensino superior 4,8%. Além disso, possuem renda menor que um salário mínimo 62,1%, entre 1 e 2 salários 32,3%, mais de dois salários 5,6%. A EMSSP constituída por 12 itens, apresentou alpha de Cronbach total de 0,89, esse valor indicou um instrumento consistente e confiável para a medição do construto. A análise paralela indicou um instrumento com duas dimensões, porém também se testou o modelo com três dimensões. A EMSSP mostrou melhores ajustes no modelo tridimensional. Entretanto, com a dimensão outros significados diferentes da versão original, com apenas dois itens e com índices de ajustes adequados. O modelo com duas dimensões mostrou os itens das dimensões família e outros significados compondo a mesma dimensão, ficando a dimensão amigos com os quatro itens da escala original. Os índices de ajustes desse modelo foram inferiores ao modelo tridimensional. Conclusão: Os indicadores de validade e confiabilidade encontrados reafirmam a EMSSP como vantajosa, sendo de rápida e fácil aplicação, possui, portanto, consistência interna e validade adequadas para a mensuração de suporte social, porém com diferenças na estrutura fatorial. Pelo princípio da parcimônia o modelo com duas dimensões seria o indicado para mensurar suporte social em pessoas com HAS evitando uma dimensão com apenas dois itens e pouca representatividade teórica. Essa avaliação é particularmente importante de ser realizada no transcurso do tratamento de um hipertenso permitindo compreender aqueles que apresentam maior fragilidade na percepção do suporte social.