Introdução: O século XXI marca o surgimento da pandemia da COVID-19 que vem
desestruturando contextos sociais, econômicos e de saúde em todo o mundo, em
razão do seu potencial para disseminação global, dos elevados coeficientes de
mortalidade e das repercussões na saúde mental tanto na população geral, quanto
nos profissionais da saúde. Nessa perspectiva, os indicadores de sofrimento mental,
entre os Agentes Comunitários de Saúde são expressivos, evidenciando maior
vulnerabilidade desta categoria para o adoecimento mental, em destaque, o
desencadeamento de sintomas depressivos. Objetivo: Analisar conhecimentos dos
Agentes Comunitários de Saúde acerca dos sintomas depressivos, estratégias de
prevenção e enfrentamento na pandemia de COVID-19. Método: Trata-se de
pesquisa qualitativa apoiada no referencial da pesquisa-ação, que foi desenvolvida
em uma Unidade Básica de Saúde, da zona sul de Teresina, no período de fevereiro
a março de 2022. A amostra foi composta por 10 Agentes Comunitários de Saúde
atuantes no turno manhã. Após reunião de negociação, realizou-se dois seminários
temáticos, que foram conduzidos por questões disparadoras e fundamentados no
método criativo e sensível, que incorpora a filosofia crítica-reflexiva freiriana. As
estratégias de ação compreenderam roda de conversa sobre a saúde mental em
tempos de pandemia (primeiro seminário) e miniexposição sobre a prevenção e
enfrentamento de sintomas depressivos (segundo seminário). Este estudo foi
aprovado pela instituição participante e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí, sob parecer número 5.148.588. Resultados: O
conhecimento dos agentes comunitários de saúde sobre sintomas depressivos foi
resultado de sua vivência e/ou do acompanhamento de indivíduos e/ou familiares que
vivenciaram esses sintomas, sendo expressos pelo isolamento social, desespero,
medo, perda de interesse e prazer pela própria vida, assim como pelos indicadores
psicossomáticos comuns nos quadros de ansiedade. Dentre os preditores para a
doença, destacaram-se a vivência do luto com restrições de contato, a presença de
comorbidades, o desemprego e o distanciamento da rede de suporte e apoio social.
As estratégias de prevenção e enfrentamento envolveram o fortalecimento das redes
de suporte e apoio, a atividade física e de lazer, a espiritualidade, o uso de tecnologias
favoráveis à interação social, a prescrição medicamentosa, além do acompanhamento
com profissional especializado. Considerações finais: Sugere-se a realização de
atividades de educação em saúde na APS com foco nos sintomas depressivos,
estratégias de prevenção e enfrentamento; bem como o desenvolvimento de novos
estudos que indiquem estratégias e políticas públicas válidas, sustentáveis, efetivas,
seguras e baseadas em evidências para redução do sofrimento mental decorrente do
cenário pandêmico.