INTRODUÇÃO: apesar de ser inegável que importantes conquistas sociais foram alcançadas pela população LGBTQ+, ainda há muito que se discutir, em especial, no que tange ao acesso aos serviços de saúde no Brasil. Esse contexto torna-se ainda mais complexo quando essa discussão está relacionada à população transexual. OBJETIVO: compreender os itinerários terapêuticos percorridos pela população trans em um município do nordeste brasileiro, Timon – Maranhão, e investigar as nuances relacionadas ao contato com cada um destes equipamentos e serviços. MÉTODO: pesquisa qualitativa sobre os itinerários terapêuticos percorridos pela população trans no município de Timon, Maranhão. Foram realizadas entrevistas individuais e semi-estruturadas com oito pessoas trans (dois homens e seis mulheres). A análise dos dados deu-se a partir do referencial teórico da hermenêutica de Paul Ricoeur. RESULTADOS: a partir dos discursos dos sujeitos da pesquisa foram reconhecidas três unidades de significado: “a construção do ser-tras”, “o acesso à saúde da população (trans)tornada” e também “itinerários terapêuticos (trans)formados”. Foi possível identificarmos diversos aspectos que interferem no processo de construção do “ser-trans”, como discriminação e preconceito, violências sofridas no ambiente familiar e no espaço da rua também; quanto ao acesso observamos que este é consideravelmente prejudicado devido a questões institucionais o que define o intinerário percorrido por esta população, em especial, na perspectiva da busca pelos espaços informais de cuidado à saúde, a exemplo das bombadeiras e clínicas clandestinas. CONSIDERAÇÕES: a população trans sofre preconceito e violência em quase todos os espaços que transitam. Violência essa, muitas vezes velada e tantas outras expressada de forma clara por parte daqueles que a praticam, como resultado, encontramos uma população segregada, diversas vezes esquecida e tantas outras prejudicada quanto aos direitos constitucionais de saúde, educação, trabalho, dentre outros.