No Brasil, Segurança Alimentar e Nutricional é definida como acesso
regular e permanente de todos a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente,
sem que isso comprometa o acesso a outras necessidades essenciais. Os índices de
insegurança alimentar no Brasil vêm crescendo desde 2016, apenas dois anos após
a saída do país do mapa da fome. A crise sanitária gerada pela pandemia da COVID-
19 repercutiu nos índices de insegurança alimentar, afetando a disponibilidade
intrafamiliar de alimentos. OBJETIVO: Conhecer os impactos da pandemia pela
COVID-19 na (in)segurança alimentar e nutricional e na disponibilidade intrafamiliar
de alimentos no Brasil. MÉTODO: Trata-se de websurvey, de abrangência nacional,
realizado por meio de formulário on-line, com questões sobre aspectos
sociodemográficos, econômicos e nutricionais. A coleta de dados foi realizada de
outubro de 2021 a abril de 2022. Para avaliação da situação de insegurança alimentar,
utilizou-se da Escala Brasileira de Segurança Alimentar e Nutricional e do questionário
de disponibilidade de alimentos. Realizaram-se estatísticas descritivas simples e, por
se tratar de dados não paramétricos, aplicou-se o teste Mann-Whitney para avaliar a
diferença entre os valores quantitativos. Para verificar associação entre as variáveis
qualitativas, aplicou-se o teste exato de Fisher, sendo que para valores ao nível de
5% foi selecionado para o cálculo de razão de chance Odds ratio bruta, por meio da
regressão logística. A força das associações foi aferida pelo OR e pelos intervalos de
confiança (IC 95%). Para as demais análises realizadas, adotou-se o nível de
significância de 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí, conforme parecer nº 5.118.612. RESULTADOS:
Entrevistaram-se 671 pessoas, destas, 53,4% apresentaram situação de segurança
alimentar, enquanto 46,6% vivenciaram algum grau de insegurança alimentar durante
a pandemia. Neste estudo, a insegurança alimentar foi associada às condições
socioeconômicas, como escolaridade, densidade familiar, empregabilidade e perda de
renda, durante a pandemia, assim como menor disponibilidade de alimentos,
principalmente os considerados saudáveis. CONCLUSÃO: Os resultados
encontrados neste estudo alertam para necessidade de políticas efetivas de combate
à insegurança alimentar e nutricional, durante e após a pandemia da COVID-19, que
considerem as dimensões que compõem o conceito de segurança alimentar,
principalmente na garantia da disponibilidade intrafamiliar de alimentos em quantidade
e qualidade suficientes.