A hanseníase como agravo negligenciado, faz parte de um grupo de doenças, que
são chamadas de doenças de eliminação e que predominam nas regiões com alta
vulnerabilidade socioeconômica. A doença, suas manifestações e implicações
seguem como um grave problema de saúde pública. A pessoa afetada pela
hanseníase precisa enfrentar vários desafios, pois a doença interfere diretamente no
seu convívio familiar e social. O estigma e preconceito associados à hanseníase
possuem origem secular, o que gera isolamento e perdas laborais. Como tem sido a
experiência das pessoas que vivenciam hanseníase quanto ao cuidado em saúde?
Compreende-se aqui a temática do cuidado como: autocuidado; acesso aos serviços
de saúde; adesão e aliança terapêutica; seguimento do tratamento; abandono e
contato com a rede de saúde. Objetivo: Compreender as experiências de pessoas
que vivenciam hanseníase quanto ao cuidado em saúde. Métodos: Trata-se de um
estudo de delineamento qualitativo norteado pelo paradigma interpretativo. O estudo
foi desenvolvido na Unidade Básica de Saúde Dr. Antônio Benício Freire e Silva
(UBS Poty Velho) que se localiza na zona norte de Teresina. Para a produção de
dados, utilizamos a técnica de entrevista com roteiro semiestruturado. O
recrutamento dos participantes se deu por conveniência até que ocorresse a
saturação teórica. Para a análise dos dados, adotamos o referencial teórico da
hermenêutica de Hans-Georg Gadamer (2015) associada às contribuições de Paul
Ricoeur (1976). A análise e interpretação das narrativas ocorreram em três fases:
leitura inicial do texto, leitura crítica e apropriação. A pesquisadora principal realizou
as transcrições das entrevistas e a codificação dos dados foi realizada com o auxílio
dos docentes orientadores. As unidades de significados foram geradas
indutivamente sem a utilização de softwares. Para garantir a credibilidade e
fidedignidade da análise de dados, utilizamos a checagem por membros. Aspectos
éticos legais: Com respeito aos aspectos éticos e legais, a pesquisa cumprirá as
Resoluções 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Todos os
participantes receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Este estudo ofereceu riscos mínimos aos participantes. O estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, conforme parecer
n° 5.343. 744.Resultados: Os participantes, nesse estudo, foram reconhecidos por
meio de um atributo marcante que foi expresso durante a entrevista e esteve
presente no texto produzido (transcrição da entrevista). Os resultados da nossa
análise contemplaram duas unidades de significado, a saber: diálogos sobre SERpessoa
acometida pela hanseníase; e, diálogos sobre os itinerários terapêuticos de
pessoas acometidas pela hanseníase e o cuidado em saúde. Conclusão: Nesse
estudo, foi possível compreender as experiências das pessoas que vivenciavam
hanseníase quanto ao cuidado em saúde. Percebemos fragilidades da rede de
cuidados quanto ao diagnóstico da hanseníase que nos leva a refletir sobre o
processo de formação e desenvolvimento profissional. Nesse sentido, é
indispensável investir no processo de educação permanente de profissionais, bem
como no desenvolvimento de estratégias de acolhimento e educação em saúde
junto à população.