As peças artesanais no litoral piauiense são formuladas com produtos diversificados, sendo comum a utilização de folhas de Typha domingensis Pers (Taboa). Seu extrativismo tem potencial de conciliar a obtenção de renda com a conservação ambiental, uma vez que a proliferação demasiada dessa espécie pode ocasionar problemas ambientais. Objetivou-se investigar a exploração e utilização da T. domingensis, no litoral do Piauí, Brasil. A pesquisa foi realizada na mesorregião norte do Piauí, microrregião litoral piauiense. Os dados foram coletados após cumprimento do exigido na legislação vigente. Foram selecionados todas as residências, mercados, feiras e lojas de artesanato que confeccionavam e/ou comercializavam produtos de T. domingensis no litoral do Piauí. Nestes locais, entrevistaram-se todos os extrativistas, artesãos, atravessadores e comerciantes de artesanato (n = 86), por meio de formulários semiestruturados. Os principais usos da planta são para artesanato, confecção de utensílios domésticos e construção. A parte mais utilizada da planta é a lâmina foliar. O conhecimento entre os informantes no litoral do Piauí é independente de fatores socioeconômicos. Os entrevistados afirmaram que utilizam a coleta não destrutiva, cortando a folha acima do rizoma. Anualmente no litoral do Piauí é coletado um volume médio de 86.400 feixes de folhas de T. domingensis. A taboa é arrendada em lotes, vendida em feixes de folhas ou tranças prontas. A cadeia produtiva da atividade desenvolvida com T. domingensis no litoral do Piauí apresenta indicativos de Arranjo Produtivo Local (APL), como: organização parcial dos agentes econômicos e cooperação entre os agentes da cadeia, mas, sem cadastro em associações de artesanato. A espécie apresenta importância para o homem e meio ambiente de acordo com os entrevistados. Contudo, a percepção dos entrevistados litorâneos sobre áreas naturais protegidas é superficial e insuficiente. A maioria dos entrevistados (81,42%) informaram que a planta se multiplica intensamente, sem prejuízos para as lagoas da região. Os principais danos causados pela espécie é a redução da luminosidade da água e a perda da acessibilidade aos corpos hídricos. O principal fator de poluição nas lagoas é a presença de lixo doméstico. Contudo, evidenciou-se que 51,16% dos informantes evitam jogar embalagens plásticas nas lagoas. Das 56 mulheres entrevistadas no litoral do Piauí, 76,7% trabalham apenas no desenvolvimento de artesanato. Em ambos os municípios, as mulheres, que têm a atividade de artesanato como principal fonte de renda, conseguem conciliar o artesanato com os afazeres domésticos. A revisão de literatura sobre a espécie nos últimos anos evidenciou 172 documentos, destes 155 foram classificados como literatura primária, 15 de literatura secundária e dois de revisão de literatura. Os resultados deste estudo podem ser úteis para pesquisadores e formuladores de políticas que procuram melhorar a gestão e meios de subsistência sustentáveis, associados aos ambientes aquáticos e seus serviços ecossistêmicos. No litoral do Piauí, a espécie tem potencial para gerar renda e oportunidades para as comunidades litorâneas. A promoção do manejo sustentável da planta e o fortalecimento da economia local são medidas essenciais para garantir que as atividades de extrativismo e artesanato continuem a existir, sem causar impactos ambientais negativos.