A implantação de uma usina eólica pode gerar de forma direta e indireta, impactos sobre a fauna, em especial sobre as aves. Objetivou-se levantar os impactos decorrentes da operação de parques eólicos na região dos Pequenos Lençóis Maranhenses (PLM) sobre a avifauna e a influência desses sobre o ecoturismo de observação de aves desenvolvido nos municípios de Paulino Neves e Barreirinhas (MA). Foram realizadas 13 amostragens trimestrais no período de agosto de 2017 a dezembro de 2020, num total de 325 horas de observação. O registro da avifauna ocorreu por meio de 12 pontos de escuta e três áreas controle, com o auxílio de um gravador profissional e microfone direcional multiamplificado YOGA, binóculos (10x50) e câmera fotográfica com teleobjetiva. Foram armadas 20 redes de neblina (mist nets) de 2,5m x 3mm x 12m. foi elaborada uma lista de espécies a partir de dados secundários das Licenças Prévia, de Instalação e de Operação dos parques eólicos. Além disso, foi realizado estudo de percepção sobre impactos de parque eólicos nas populações dos guarás, com condutores de turistas da região, no período de junho a julho de 2019. Para possibilitar a familiarização e a confiança dos entrevistados, usou-se o método de Rapport e, posteriormente, entrevistas semiestruturadas com 35 condutores. Foram registrados 41.744 contatos com indivíduos pertencentes a 77 espécies de aves, distribuídas em 29 famílias e 15 ordens e capturados 205 indivíduos, pertencentes a 10 espécies. A região possui cerca de 193 espécies de aves, o que representa 28% da avifauna registrada para o estado do Maranhão. O maior número de espécies registrado durante a fase de operação está associado principalmente às áreas controle (estuários) e aos pontos amostrais internos do complexo que apresentam lagoas temporárias ou permanente maiores. 46% dos condutores responderam que a instalação e operação dos parques eólicos não causaram impactos negativos nos guarás, contudo, 23% relataram que o soterramento de lagoas é um dos principais problemas gerados pelo empreendimento. Os informantes citaram 13 atrativos turísticos com potencial para observação da espécie. A localidade mais citada foi Lagoa do Alazão (n =27), seguida da localidade Caburé (n = 25) e Praia da Assembleia (n = 13). Considerando as três fazes do estudo, constatou-se a maior riqueza de espécie durante a fase de instalação, o que pode ter relação com a distribuição dos pontos amostrais. Espécies residentes são semelhantes nas três fases, já as migratórias foram maioria durante a fase de operação. Os insetívoros tiveram redução mais acentuada em relação as demais guildas tróficas, não obstante, as aves que se alimentam de invertebrados aquáticos são mais diversas e abundantes durante a fase de operação. A maioria das espécies exclusivas registradas antes da implementação do complexo eólico e durante a fase de instalação é dependente de ambientes florestais, ao passo que as exclusivas durante a fase de operação são independentes de ambientes florestais. Portanto, a região do complexo eólico, embora alterada, demonstra existir disponibilidade de alimento, abrigo e sítios de nidificação e que as mudanças na composição da avifauna pode ter relação com a distribuição dos pontos amostrais nas diferentes fases do estudo. Vale ressaltar que, a maioria dos condutores não percebe impactos negativos de parques eólicos nos guarás, além disso, demostram conhecer a importância, o comportamento e sua distribuição na região. O fato dos impactos não serem percebidos não significa que não estejam ocorrendo, o que pode comprometer o potencial da região para a observação de aves