Os recursos hídricos no Brasil são diretamente influenciados pela a ação humana nas grandes cidades, devido ao lançamento de cargas poluidoras acima de sua capacidade de assimilação, como ocorre em Teresina, que apresenta baixa taxa de esgotamento sanitário. Este estudo objetivou avaliar a segurança hídrica dos rios Poti e Parnaíba e a percepção dos gestores sobre a situação do manancial de abastecimento público. A qualidade da água dos rios foi determinada mensalmente a partir de quatorze pontos de coleta no período de novembro de 2015 a novembro de 2017. A coleta dos organismos fitoplanctônicos e a quantificação da toxina microcistina-LR ocorreu em quatro pontos de forma bimestral. Interpretou-se os resultados frente ao Índice de Qualidade da Água (IQA), os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/2005 e a Portaria de Consolidação nº 5/2017, considerando os aspectos de precipitação. Os resultados foram avaliados obedecendo o regime de precipitação (seco e chuvoso) da área. A percepção dos gestores foi investigada a partir de uma abordagem qualitativa, com o uso de entrevista semiestruturada sendo analisada através da técnica Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Os resultados indicaram que a sazonalidade é um fator determinante para a qualidade da água dos rios Poti e Parnaíba afetando diversas espécies fitoplanctônicas, distribuídas em cinco divisões, Bacillariophyta, Dinophyta, Cyanobacteria, Euglenophyta e Chlorophyta. As cianobactérias predominaram na estação seca e influenciaram na concentração da toxina microcistina-LR. No rio Poti, esta toxina está correlacionada diretamente com a densidade fitoplanctônica, fósforo total, temperatura, DBO5,20, sólidos totais e às espécies Microcystis sp., Nostoc sp. encontradas no período seco. No rio Parnaíba a temperatura favoreceu a proliferação das espécies Thachelomona sp1 e Cymbela sp., que foram influenciadas principalmente pela variável DBO5,20. De acordo com a Análise de Correlação Canônica (CCA), as cianobactérias influenciaram os altos valores de microcistina-LR, principalmente no ponto PA-6 localizado na Estação de Tratamento de Água (ETA-Norte), fato que pode gerar risco a saúde da população e aumento dos custos no tratamento da água. As percepções abordaram principalmente a importância do manancial para o abastecimento, porém não houve uma relação direta com os resultados do monitoramento. O cenário identificado evidencia a necessidade de uma maior capacitação dos gestores na tomada de decisão para a garantia da segurança hídrica e que se evite a ocorrência de uma crise no abastecimento público.