Na região turística dos Lençóis Maranhenses, o extrativismo da palmeira buriti (Mauritia flexuosa L. f.) para abastecer o mercado turístico tem promovido pressões extrativistas que ocasionam danos aos buritizais. Diante disso, objetivou-se investigar a percepção ambiental, uso, manejo e valoração ambiental de comunidades situadas em uma realidade extrativista direcionada ao comércio turístico. Foram selecionados municípios que compõem a cadeira produtiva do artesanato com diferentes distâncias do centro de comercialização: Barreirinhas (centro de comercialização), Paulino Neves (distante 39,6 km) e Tutóia (distante 89,7 km). Para a coleta de informações sobre a percepção ambiental de valores florestais, uso e manejo do buriti, foram entrevistados 296 artesãos e extrativistas nos três municípios. Para obtenção do valor médio da disposição a pagar pela conservação dos buritizais e compreensão da consciência conservacionista, foram entrevistados 416 habitantes de Barreirinhas. Constatou-se que houve uma maior percepção sobre os valores florestais da categoria econômica. Apenas no município de Tutóia, os fatores socioeconômicos não influenciaram na percepção ambiental e não houve relatos de redução dos buritizais em decorrência das coletas, reflexo da crença em elementos sobrenaturais que desempenham papel regulador do extrativismo, dependência cultural dos recursos naturais e de práticas conservacionistas. Houve uma priorização das categorias de uso artesanato e alimentícia em Barreirinhas e Paulino Neves. Verificou-se que a intensidade de extrativismo de folhas em Barreirinhas esteve acima da capacidade de suporte da planta. A população de Barreirinhas relatou que os danos nos buritizais estão associados aos extrativistas. Apesar de apontarem um culpado, atribuíram a toda população a responsabilidade pela conservação ambiental. Isto refletiu em uma disposição de 65,75% dos informantes a contribuir financeiramente com um valor médio anual de R$ 179,49 para custear a conservação dos seus buritizais. A disposição a pagar foi independentemente de qualquer fator socioeconômico. Conclui-se que dentre as percepções, os valores florestais econômicos foram priorizados. Houve um direcionamento dos usos da palmeira para o mercado turístico nos municípios mais próximos do centro de comercialização e que o intenso extrativismo realizado em Barreirinhas está acima da capacidade de suporte da planta, o que vem sendo perceptível pela população deste município, favorecendo para que estes contribuam financeiramente com propostas conservacionistas.