As matas ciliares nas áreas de Preservação Permanente (APPs), juntamente com os depósitos fluviais são subambientes naturais com dinâmica própria que apresentam grande diversidade ambiental, onde desempenham e fornecem diferentes funções, bens e serviços ambientais no ecossistema. Nessa perspectiva, esta pesquisa teve como objetivo central analisar a composição florística da vegetação herbácea e lenhosa, a estrutura do estrato herbáceo, bem como os tipos de uso/ocupação e as percepções ambientais dos ribeirinhos quanto aos principais benefícios e interferências antrópicas na mata ciliar e nos depósitos fluviais do rio Parnaíba no trecho urbano entre Teresina-PI e Timon-MA, região Meio Norte do Brasil. A metodologia da pesquisa foi realizada em quatro etapas: levantamento florístico, análise fitossociológica do componente herbáceo-subarbustivo, entrevistas semiestruturadas com auxílio de formulário padronizado e revisão sistemática da literatura dos grupos de briófitas, samambaias e licófitas da região. A pesquisa foi aprovada pelo CEP/CONEP e SisGen. Constatou-se no levantamento florístico na mata ciliar do rio Parnaíba a ocorrência de 362 espécies, pertencentes a 280 gêneros e 92 famílias. Destaca-se que esse estudo é o primeiro inventário florístico realizado no rio Parnaíba e representa a nível de Nordeste brasileiro a maior listagem florística ocorrente em mata ciliar ao longo dos rios. Ressalta-se ainda, o registro de 68 espécies como novas ocorrências à flora da região do Meio Norte, sendo Aristolochia bahiensis uma recente publicação para o Maranhão. Na análise fitossociológica do componente herbáceo-subarbustivo nos dois depósitos fluviais (DF) foram identificadas 46 espécies, distribuídas em 39 gêneros, correspondendo a 27 famílias. Os resultados apontam, ainda, que as espécies da comunidade de pioneiros que cresce nos DFs possuem alto potencial de recomposição mesmo após um distúrbio ambiental (enchente), e que provavelmente o tamanho do DF, as formas de vida e os mecanismos de dispersão de diásporos por autocoria, tem influência direta na restauração da riqueza e diversidade das espécies herbácea-subarbustiva. A análise da percepção ambiental evidenciou que os entrevistados conhecem, usam e/ou ocupam os depósitos fluviais do rio Parnaíba há décadas e que as práticas de usos/ocupação estão relacionadas as atividades de subsistência das populações, ao lazer, diversão, esporte, entre outros. Os entrevistados consideram ainda o local de grande importância socioambiental, que prestam e/ou oferecem benefícios e serviços ecossistêmicos essenciais, contudo declaram que a ação humana pelo uso/ocupação contribui para gerar problemas e impactos ambientais insustentáveis, colaborando para a diminuição e a ameaça da biodiversidade vegetal. A partir dos resultados obtidos da compilação das pesquisas científicas sobre o status atual do conhecimento das briófitas, samambaias e licófitas do Maranhão, visando entender o conhecimento levantado até o momento na mata ciliar do rio Parnaíba, verificou-se que há uma lacuna nos estudos para ambos os táxons sendo, portanto, necessária a realização de mais inventários florísticos, a fim de contribuir com o avanço no conhecimento desses grupos de plantas e ações de estratégias de conservação dos táxons. Em conclusão, destaca-se, que a área de estudo possui grande diversidade vegetal e importância socioambiental demonstrando a necessidade de estudos científicos e reforçando a primordialidade de conservação desse local, frente aos problemas ambientais identificados, incluindo ações de estratégias de educação ambiental, elaboração de políticas públicas ambientais locais, bem como futuros projetos de restauração e recuperação da vegetação desse trecho do rio Parnaíba.