O Movimento Pau de Colher, inserido entre os movimentos messiânicos milenaristas, ocorreu entre os anos de 1937 a 1938, em um povoado pertencente ao município de Casa Nova, sertão da Bahia. Nesse período, o local estava situado na fronteira com o município de São Raimundo Nonato, Estado do Piauí, hoje Dom Inocêncio. Conhecido como “Guerra do Pau de Colher” ou “Guerra dos Caceteiros”, esse movimento sociorreligioso foi sufocado pelo exército e forças policiais dos Estados da Bahia, Piauí e Pernambuco durante o início de implantação do Estado Novo (governo de Getúlio Vargas), resultando em mortos, feridos, órfãos e na destruição do adjunto. Com o objetivo de investigar o movimento sociorreligioso do Pau de Colher na perspectiva arqueológica, procuramos identificar e mapear os espaços de antagonismos, a cultura material remanescente e suas influências na percepção da paisagem, bem como as ressignificações e apropriações daquele lugar e do movimento na contemporaneidade. Para isso, inicialmente realizamos o estudo do contexto de formação do povoado e os aspectos socioeconômicos a partir de estruturas atreladas ao chamado ciclo do gado, visto que, refletimos neste estudo que Pau de Colher já estaria inserido nessa dinâmica. Desse modo, além das fontes escritas e orais, do estudo das narrativas históricas e da materialidade resguardada por moradores e também localizada na área do massacre, consideramos os espaços relativos ao adjunto e ao massacre ocorrido nos primeiros dias do ano de 1938, enquanto aspectos da cultura material e da paisagem.