Esse trabalho tinha como foco originário identificar as mudanças experimentadas pelos trabalhadores do “comércio de rua”, partindo-se da reconfiguração socioespacial vivenciada por estes, ao serem transferidos do Centro de Teresina-PI para o Shopping da Cidade. Contudo, com a pandemia de COVID – 19 que se instalou e assombrou o nosso país, obrigando a população a praticar o isolamento social para evitar a proliferação da doença, o comércio não essencial de praticamente todo o nosso país foi obrigado a fechar as portas por um grande intervalo temporal, o que também ocorreu com Shopping da Cidade, espaço eleito como campo de pesquisa. Com a obrigatoriedade de reformulação do objeto, voltou-se o foco desta pesquisa agora para entender como o capital influenciou na tessitura, no desenvolvimento, no apogeu e no declínio do bairro Centro de Teresina. O capital, para se proteger encontra-se em constantes mudanças, se reinventado e impondo transformações em suas instituições, cabendo aos que não detêm os meios de produção os maiores esforços para garantir a sobrevivência, como ocorreu, por exemplo, entre os trabalhadores de comércio de rua de Teresina, bem como o processo de deslocamento de uma significativa parcela de famílias abastadas do centro da cidade à Zona Leste, acompanhadas por um comércio elitizado que viria a atender essa população que ali se instalou. Ora, mas por que, exatamente, Zona Leste? Buscou esta pesquisa pistas para descobrir o porquê de grande parcela da população ter migrado para o outro lado do Rio Poty, chamado de Zona Leste. Constatou-se a imperativa preponderância do capital em promover a própria morfologia de Teresina e que o processo de urbanização da cidade dos últimos anos contribuiu, de forma incisiva, para acentuar as disparidades existentes nos grupos e classes sociais, bem como na produção do espaço urbano. O problema desta pesquisa consiste em desvendar como o Centro de Teresina, passando por períodos de auge e posterior declínio, sempre alimentado pelos interesses do capital, perde a posição de espaço de prestígio e moradia da classe abastada da sociedade teresinense, para local de abandono, degradação de vários prédios históricos e comércio estigmatizado como voltado para atender apenas a população pobre. O trabalho encontra-se baseado no universo da teoria sociológica urbana e insere-se no âmbito da abordagem qualitativa, sendo necessário uma ampla pesquisa exploratória bibliográfica, bem como coleta de dados realizada de forma virtual através do “google forms”, em virtude da necessidade de mudança do objeto provocada pela COVID-19, pelo qual uma amostra de 38 (trinta e oito) pessoas escolhidas de forma aleatória, responderam em que bairro moram, em qual morariam, se morariam no centro da cidade de Teresina e o porquê da última resposta. A pesquisa se baseou além da leitura bibliográfica, em uma ampla abordagem através de imagens que ocupam local de importância e destaque em nosso trabalho, uma vez que se encontram aptas a inserir o leitor de maneira visual às respostas propostas ao longo de toda esta pesquisa, consistente em demonstrar como o capital vai mobilizando uma gama de recursos humanos, políticos, econômicos ou mesmo geográficos para impor a morfologia que a cidade de Teresina acabou assumindo ao longo de sua história. Por fim, concluímos que o capital além de influenciar a morfologia de toda a cidade, acabou por promover mudanças no formato de se praticar a urbanização e o comércio do Centro de Teresina, que passa de espaço inaugural da cidade por um apogeu que englobava famílias abastadas a lugar marginalizado e desabitado, com o comércio remanescente estigmatizado e voltado para população carente