A presente dissertação pretende analisar as contribuições de mulheres feministas negras para a teoria e pensamento social feminista e antirracista latino-americano. Tendo como objetivo realizar uma leitura decolonial do pensamento de Lélia Gonzalez (1935-1994), destaca-se a produção intelectual desta pesquisadora e de outras mulheres construídas a partir da militância e participação em fóruns de debate público bem como na esfera acadêmico-científica com foco de situar sua perspectiva crítica feminista e antirracista sobre as relações de gênero e étnico-raciais na América Latina na sua própria vivência enquanto mulheres negras, ativistas, intelectuais e pesquisadoras. Será feito um estudo da abordagem teórica decolonial do Grupo Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade (M/C/D) e da obra de Lélia. Através de revisão bibliográfica entrelaço conceitos importantes ao pensamento decolonial, em especial a colonialidade do saber. Também abordarei as categorias chave no entendimento do pensamento de Lélia Gonzalez como: a “mulher negra” enquanto categoria de análise; amefricanidade; pretuguês; feminismo afro-latino-americano. O intuito de tal leitura decolonial dos escritos de Lélia Gonzalez, é trazer à tona pontos de convergência em seu pensamento que nos ajudam a (re)pensar ideias e debates importantes dos estudos decoloniais e, consequentemente, de pesquisas atuais sobre o feminismo negro decolonial. A leitura conjunta de ambos os pensamentos revela como os escritos de Lélia explicitam a colonialidade, complexificam a decolonialidade e tencionam a modernidade. O pensamento da autora possui potencialidade epistêmica e ontológica por trazer a perspectiva amefricana e ameríndia em sua práxis de articulação das opressões, e da (re)existência e (re)significação. Portanto, o presente trabalho visa contribuir ao debate decolonial inserindo a perspectiva de autoras brasileiras e seus projetos de libertação, através de categorias que juntas, trazem uma leitura de transformação.