O presente trabalho tem por objetivo apresentar a narrativa de mulheres egressas do sistema penitenciário quanto às experiências que vivenciaram durante o período em que estiveram privadas da liberdade e como este período que passaram presas impactou e impacta a sua vida e sua rede de relacionamentos. Nesse sentido, buscou-se compreender como se deram as vivências no âmbito dos relacionamentos afetivos e afetivo-sexuais durante o período que estiveram reclusas e refletir sobre as estratégias que essas mulheres adotaram no sentido de enfrentar as adversidades que se vislumbram, em virtude das questões de gênero, e que influenciam a forma como mulheres vivenciam o cárcere e o pós-cárcere. Utilizou-se uma abordagem qualitativa na qual foi realizada uma revisão bibliográfica e entrevistas semiestruturadas que, por sua vez, foram analisadas por meio do método de interpretação de sentidos. A partir de uma perspectiva feminista crítica, pautando-se em epistemologias de fronteira, realizouse um estudo bibliográfico que, somado ao levantamentos de informações publicadas pelo Ministério da Justiça, trazem um panorama sobre o perfil sociodemográfico das mulheres encarceradas no Brasil, possibilitando a construção de um referencial teórico que discute os temas mais pertinentes neste trabalho, quais sejam: gênero, cárcere, relações sociais, criminalidade feminina, afetos, estigmas e questões interseccionais. A pesquisa analisa as trajetórias de cinco mulheres que experienciaram a vida no cárcere e vivenciaram relacionamentos enquanto presas. Procedeu-se à narrativa das suas histórias de vida, relatadas sob a perspectiva delas próprias. Os relatos abriram inúmeras possibilidades de análise, não apenas sobre relacionamentos amorosos, mas sobre a vida antes do cárcere, o ingresso no âmbito criminal, redes de afetos e a vida em liberdade após a experiência da prisão. Por isso, reflexões sobre questões como desigualdades, exclusão, violência e estratégias de sobrevivência foram analisadas de forma relacional às questões de relacionamentos afetivos, pois também atravessam a história de vida das mulheres ouvidas