NEORRURALIDADES COMO IDENTIDADE EM CONSTRUÇÃO: ESTUDO SOBRE PROCESSOS IDENTITARIOS PELA TERRITORIALIZAÇÃO RURAL NOS CASOS DE RESIDENCIAS SECUNDÁRIAS DE MORADORES DO BAIRRO ILHOTAS EM TERESINA-PI
neorruralidade; processo identitário; territorialidade; residência secundária.
O rural durante muito tempo foi visto como o lugar do atraso em oposição ao urbano. Na contemporaneidade esta realidade mudou. Hoje o campo é visto como um lugar bom. Desta feita, a multifuncionalidade do rural e as amenidades aparecem como as múltiplas possibilidades que o rural assume a partir desta nova/outra significação de tal meio, através da ampliação de funções atribuídas aos espaços rurais para além da produção agropecuária, englobando conservação ambiental, patrimônio cultural e natural, paisagem, lazer, turismo, incluindo as práticas terapêuticas, centros de equoterapia, terapia de energização, comunidades terapêuticas, além do agrocomércio. Trata-se de espaços e serviços organizados bastante estruturados, capazes de oferecer o conforto da vida citadina dentro do rural. Este é o aspecto peculiar desses locais. Assim, trazer na atualidade a discussão sobre neorruralidade é colocar o rural numa posição de destaque como um espaço positivo, superando aspectos da dicotomia entre campo e cidade, sem desconsiderar a relação verticalizada entre estes dois espaços, onde o rural é hierarquicamente inferior ao urbano. A presente dissertação refere-se à neorruralidades como identidade em construção, a partir do estudo sobre processos identitários pela territorialização nos casos de residências secundárias, as quais são aquelas utilizadas em finais de semana e/ou feriados, para fins de descanso e/ou lazer. Para isso, trabalhou-se com a perspectiva de identidade enquanto processo contínuo no contexto da globalização. O foco da discussão foi identidade cultural, com seus fluxos, intensidade, limites e hibridismos, com destaque para este último, o qual fora empregado no sentido de pluridentidentidades. Desenvolvimento e território foram abordados do ponto de vista da Ciência Social, como um espaço de múltiplos processos, contemplando uma relação de poder, a territorialidade, territorialização, desterritorialização e reterritorialização, o qual engloba a neorruralidade no cenário do desenvolvimento territorial, incluindo a abordagem sobre subdesenvolvimento como superação da ideia de progresso e pobreza no cenário da desigualdade social. Assim, a neorruralidade foi discutida nesse contexto de transversalidade de identidades acionadas contemporaneamente e seus desdobramentos, verificados por meio da pesquisa de campo, a qual revelou uma relação de poder entre os neorrurais pesquisados e as pessoas do campo, implicando na percepção de que as identidades são multi e móveis, porém, permanece em evidência a identidade do mundo do trabalho, a do sujeito produtivo, com alto poder econômico e hierarquicamente superior ao rural local.