Nos últimos dez anos, o mercado de filmes e vídeos pornográficos voltados para mulheres se desenvolveu para atender a este público desprivilegiado pela pornografia hegemônica. Diretoras de cinema, atrizes, educadoras sexuais e outras profissionais do sexo enveredaram para o recém-inaugurado mercado da pornografia feminista na internet. Contudo, teóricas feministas anti-pornografia consideram este produto prejudicial politicamente para as mulheres, embora existam feministas que defendam a reescrita da pornografia de forma que inclua os desejos das mulheres e de outras multidões. Deste modo, parece importante, na compreensão da pornografia, tratar dos discursos das mulheres sobre ela. O problema deste trabalho é entender que sentidos são produzidos sobre a pornografia pelas mulheres feministas e o que contribui para essas produções de sentido e seus processos, considerando a polaridade no debate de porta-vozes feministas sobre pornografia e sexualidade. O presente trabalho trata-se de um estudo de caso com o objetivo geral de analisar as conexões entre os discursos de mulheres feministas residentes em Teresina sobre pornografia e as relações de gênero. A pesquisa tem como objetivos específicos averiguar o que pensam as mulheres e o lugar da pornografia na vivência de sua sexualidade, além de identificar o que pensam sobre a representação da mulher na pornografia, suas motivações para fazer uso ou não deste tipo de conteúdo e mapear os repertórios de gênero utilizados para diferenciar pornografia de erotismo.. A pesquisa utilizou métodos mistos (qualitativos e quantitativos), mas é considerada predominantemente qualitativa quanto à abordagem. Para a operacionalização utilizou-se a aplicação de questionários abertos anônimos e virtuais e entrevistas semi-abertas presenciais . Os marcos teóricos utilizados para a construção do trabalho perpassam as são teorias de gênero, teorias feministas sobre sexualidade e pornografia, pós-estruturalismo e sociologia da sexualidade.